Sound, Movement & Empire: Página 21 e 22

“Nessa época, a mãe do Chris havia decidido se mudar para Londres, porque ela conseguiu seu Equity Card”, conta o sempre prestativo Scott Gilbert. “Eu lembro de tudo isso muito bem. Ele juntou a banda e eu disse, ‘Traga-os aqui, vamos fazer uma demo’, então eles vieram, conectaram as coisas, nós ligamos o microfone e fizemos ao vivo, nós gravamos o som {Multitrack: Método que permite a gravação separada de múltiplas fontes de som para criar um conjunto coeso} e eles gravaram quatro músicas, pareciam quatro músicas ruins do Stereophonics. Eles finalizaram logo o material. Todos foram embora para casa então eu fiquei e [fiz] essa demo para eles.”

Essas quatro músicas são uma forma interessante de analisar a habilidade de composição da banda na época. A sessão começou com ‘What’s Going On’, as batidas são pesadas, com uma guitarra provocante de Karloff tocando os versos de Meighan sobre ficar acordado a noite toda conversando, emoções baratas e finalmente, vitoriosamente, se libertando para climas ensolarados. {No início desta faixa, Tom murmura algo. Scott Gilbert: “Ele estava falando com os fones de ouvido, ‘Você está pronto, Tom?’ e ele disse: ‘Tudo certo, cara, sim.’ Essa faixa é realmente Stereophonics, você pode realmente ouvir a progressão sobre eles.”} Profético de fato. Certamente não tem relação com a música de mesmo nome do famoso Marvin Gaye. ‘Interlude’ é um tanto singular, boba, mas com hábeis 30 segundos de um teclado Rhodes tocado pelo baterista Ben Kealey. E então temos a bateria pesada em ‘Life of Luxury’, {Scott Gilbert, novamente: “Me lembro de zombar o Chris e dizer, ‘Isso é Stereophonics!’”} uma faixa indie rock que traz um ambiente bastante “Stereophonesco”, casada com um modelo tradicional de contar história e aplicando isso à interpretação da Saracuse sobre amizade. O hino ‘Shine On’ é um chamado para guerra com base acústica que poderia facilmente ter sido retirada do álbum Be Here Now (Se não do próprio Definitely Maybe). Numa satisfatória tradição memorável do rock, o CD demo foi apresentado à banda na véspera de Natal, em 1999. {A prática de usar o tempo ocioso no estúdio para gravar, ou neste caso, para mixar, as tentativas iniciais de bandas jovens significam tempo de estúdio mais barato quando todo mundo sensível está provavelmente no bar, ou em casa embrulhando seus presentes. O Iron Maiden gravou seu lendário Soundhouse Tapes no Ano Novo de 1978, por exemplo.} Na verdade, era um set de músicas que, enquanto proficiente, não era nada mais do que uma imagem das influências musicais fortes e – no caso do fim falso com um coro de ‘Life Of Luxury’ – um primeiro sinal da apreciação da plateia bem como a sua habilidade de crescimento em composição e arranjo. “Nós gravamos o som com os vocais em um take”, relembra Scott Gilbert, “e mixamos o melhor que pudemos na véspera do Natal pouco antes de finalizarmos o trabalho”. Página 21

Isso serviu também para colocá-los em contato com um lado mais profissional da indústria musical, de acordo com Gilbert. “Eles tocaram essas músicas para Alan Rawlings, que foi o primeiro empresário deles”, conta o produtor.

A Saracuse começava a chamar a atenção com as suas atividades nesse momento, com um tanto de jornalistas locais analisando em volta deles, inclusive o velho parceiro Ben Cole da revista City Lights, que permanecia em contato com as atividades do grupo pelos seus contatos com Chris Pratt/Karloff e seu irmão mais velho, James (que é mais conhecido como Jim).

“Parte do motivo de eu ter ido vê-los foi que todos os jovens que eu respeitava na escola estavam repentinamente indo ver essa banda”, Ben ri. “Houve um show famoso, não em Leicester, mas em algum lugar próximo, onde um cara tinha tido uma briga feia com alguém no lugar enquanto eles tocavam, então eu pensei, ‘Certo, preciso ver isso, mesmo se a banda for uma merda eu vou ver um monte de gente dos meus dias de escola, o que pode ser muito engraçado.'”

Segundo à maior parte da conhecida origem da banda, um desses primeiros shows foi no The Princess Charlotte, outro local dedicado à música em Leicester. É, quando cheio, capaz de gerar uma atmosfera bastante especial, o tipo de lugar onde você vê as estrelas crescentes da música quando eles estão no ponto de explodir (ou ao contrário). Dessa forma, é como um teste ácido para novas bandas; foi onde Cole foi ver Saracuse em 1999.

“Chris ainda estava tocando a Flying V preta – era uma espécie de uma Flying V discreta!” ele ri. “É parte do Chris, eu acho, ter uma Flying V, você esperaria que ele fosse o guitarrista solo, pé no alto-falante e todo esse tipo de coisas, mas a primeira coisa que foi muito óbvio é que você não poderia vê-lo no palco – ele estava meio oculto por trás de todos os amplificadores! Mas você pode perceber que as coisas boas não estavam vindo de ninguém, estava vindo dele naquele momento. Tom estava no palco como Liam Gallagher, grande casaco peludo, de pé exatamente como Liam. Não sei se eles fizeram um cover do Oasis ou não, mas poderiam muito bem ter feito porque tudo ali lembrava Oasis.”

O repertório do grupo nesta fase de crescimento foi principalmente inspirado pela atitude e a música de grupos como esse. Sem dúvida alguma, Saracuse era uma gangue, e assim como na tensão entre os irmãos Gallagher e sua equipe, era um caso de se adequar ou cair fora, como o desinteressado vocalista original descobriu por conta própria alguns anos antes. Isso logo causou mais alguns problemas, mas por enquanto, shows ocasionais da banda (Outro é gravado no The Shed em 22 de setembro de 1999) foram inesperadamente recebidos por uma mistura de colegas antigos e novos fãs. Saracuse também estava começando a escrever algumas músicas realizadas entre o material mais obviamente referencial. Página 22