Sound, Movement & Empire: Página 45 e 46

No interior de Berkshire, um velho estábulo tinha sido desde 1998, o lar do rock experimental/eletrônico/punk da banda de Reading, Cooper Temple Clause. A banda foi firmemente apontada como uma das mais interessantes de sua época, e enquanto a Saracuse estava explorando e refinando seu próprio paladar sonoro, a Coopers estava derrubando limites entre gêneros e subgêneros desde o início, alugando não uma sucessão de salas de ensaio sujas, mas encontrando, em vez disso, um abrigo sem uso em uma fazenda próxima a sua casa em Reading.

“Nossa maior dica para estar em uma banda é isso,” Kieran Mahon, tecladista e baixista da Coopers, disse ao autor, “Você tem que ter o seu próprio mundo para viver, para socializar e respirar, para escapar. Nós tivemos sorte de ter um bem próximo a nossa escola no meio do nada, onde podíamos fazer barulho até as quatro, cinco da manhã e nunca ter nenhum problema. E lá que todas as nossas ideias eram formuladas, a ideia de nós nos divertindo e entretendo uns aos outros ao invés de qualquer plano de dominação mundial. Era muito natural, apenas aproveitando a companhia um do outro e coletando instrumentos musicais pelo caminho.”

A Coopers construiu um grupo de fãs fanático e fiel, que iria em todos os seus shows pelo país, enquanto coletava simultanea e atenciosamente todos os lançamentos impressos que a BMG criou para o lançamento de seu material, Mourning Records. Mesmo que este ainda fosse essencialmente um projeto da BMG – já que a banda tinha assinado com essa gravadora – tudo que a Coopers fez foi efetivamente lançado depois, para os devidos efeitos, independentemente, com uma equipe pequena e eficaz por trás para assegurar que as coisas correriam tranquilamente e permaneceriam dentro do caráter distinto da carreira da banda. Essa não é necessariamente a forma como as coisas sempre acontecem na indústria da música, assim, não só foi a Coopers pioneira nisso como músicos, como estavam também na margem de novas fronteiras estratégicas em um sentido mais geral da gravadora. O estábulo na fazenda foi genial, não só porque ele permitiu à banda um porto longe da habitual jornada em busca de espaços de ensaio diferentes, mas a localização incomum e o contexto foram também um presente para outras partes essenciais na construção do perfil da banda. Página 45

“Ele se tornou um lugar onde você poderia levar as pessoas, porque eles fizeram de lá seu próprio lugar,” explica Nick Raymonde. “Então, se fosse um jornalista estreando [na carreira de uma banda], ao invés de eu dizer ‘Venha vê-los tocar no Camden Monarch’, eu diria, ‘Faça um favor e passe a tarde comigo, entre no carro e vamos dirigir até Reading – você vai adorar. Mesmo se você nunca escrever sobre isso na sua revista, você vai aproveitar o dia – você poderá colocar isso no seu livro, pelo menos!’ E as pessoas viriam, e quando elas viessem, elas poderiam acompanhar os fãs porque estavam naquela sala com todos aqueles garotos, com suas loucuras e suas merdas penduradas na parede. Foi brilhante. E todos eles estariam sentados no chão tocando, excelente, um baterista no canto de uma sala que mede dez por dez. Esplêndido.”

Raymonde, de fato, como um cavalheiro e também um intelectual sabia de história do rock. “Eu era um grande fã de Captain Beefheart”, ele sorri. “Eu adorava. Eu vi um filme sobre como eles fizeram [o influente álbum de 1969] Trout Mask Replica e eu nunca entendi como eles conseguiram fazer um disco que soasse daquela forma naquela época. Eu era um guitarrista frustrado, um ouvinte de merda e me perguntando como eles fizeram esse disco, porque eu estava sempre interessado nele. Acontece que ele conseguiu uma casa no meio do nada para todos eles, comprou uma bolsa cheia de LSD bem forte, e eles viveram nessa casa por mais ou menos um ano; eles não tinham dinheiro, costumavam sair e roubar galinhas e comida, e ele não deixaria ninguém sair dali até que o disco ficasse pronto, então eles o fizeram naquela casa. E em 1900-e-alguma-coisa quando eles fizeram o disco, foi uma coisa extraordinária de se fazer. E essa foi a razão que, quando eu vi a Cooper Temple Clause naquele lugar [isso] me lembrou essa situação porque eu achei uma grande ideia, e parecia funcionar tão bem que eu pensei em fazer [de novo, com a Saracuse]. Página 46