Sound, Movement & Empire: Página 27 e 28

2000 em Leicester começaria com um evento que pretendia celebrar a música da área e seus músicos, elegantemente intitulado ‘Red Leicester’ e marcado para o dia 26 de fevereiro de 2000. Foram os empregadores de Chris ‘Dibs’ Edwards do Bedrock Studios que tiveram a ideia para juntar a nata dos atos locais naquele tempo para um show de um dia de duração, que aconteceria no grande De Montfort Hall. Artistas como o The Wrinkly Pink Catsuits (os favoritos dos meninos da Saracuse na época), A.K.A. Weave (que participou Kav Sandhu, futuro integrante da Happy Mondays), Last Man Standing, The Incurables e uma série de outras bandas de Leicester foram acrescentadas à dez horas frenéticas de excelência musical. Panfletos e cartazes foram apressadamente feitos, apresentando Saracuse no topo das paradas.

Nesta etapa, graças a terem sido banidos de Charlotte, Saracuse era um tanto quanto visível no cenário ao vivo, localizado em Londres ou não. O evento no De Montfort era para celebrar o talento na área, e o que quer que o futuro reservasse, de certo modo ninguém – ou todo o mundo – foi estrela por um dia. Infelizmente, uma discordância sobre camarins fez com que a banda nunca tenha de fato tocado no ‘Red Leicester’, o que foi uma grande vergonha.

Se o grupo ficou desapontado pela sua não-aparição neste exclusivo e especial evento, eles foram também um pouco pessimistas quando o CD triplo associado foi lançado, simplesmente intitulado ‘Red’ e lançado pela Bedrock para celebrar quase dez anos de gravações de bandas na área. Contendo dois CDs com trinta e seis faixas de trinta e seis bandas diferentes, e um CD-ROM de bônus com aproximadamente 155 MP3s, havia bastante espaço para se divertir. Página 27

A Saracuse, apesar da sua falta relativa de perfil, era candidata óbvia para a inclusão, não somente porque a banda de Chris Edwards gravava no tempo livre em Bedrock, mas também porque ele tinha sido operador de fita, ou engenheiro, para um grande número de sessões das quais as faixas escolhidas pertenciam.

“Alan Rowlings não quis que nós puséssemos o que ele chamou de ‘faixa principal’ no CD principal,” relembra Gilbert. “Ele quis que nós tivéssemos uma faixa acústica e nós ficamos ‘Não vamos fazer isto. Só temos espaço para dezoito bandas com uma canção cada uma, trinta e seis bandas em dois discos, não vamos pôr uma faixa acústica no CD principal.’” Portanto eles não colocaram e Saracuse estava assim destinada a nunca lançar algo comercialmente. O novo milênio tinha começado, mas aqui estava um grupo que não podia tocar no local principal da sua cidade natal depois de uma confusão que eles não começaram, e tinham agora ficado de fora de um importante evento local e do CD.

Contudo, musicalmente, a ausência semi-forçada ‘da cena’ teve os seus benefícios. Com a banda agora se reunindo na velha casa do então namorado da mãe de Chris Edwards em Fosse Lane, havia bastante tempo para escutar outros tipos de música, bem como explorar possibilidades tecnológicas além disso. Trabalhando em um PC com versões antigas de softwares de gravação como Cubase e o programa de drum loop {Repetição para criar a ilusão de uma faixa de bateria contínua} Acid, a banda começou a testar mais trabalhos experimentais construídos com base no seu crescente interesse em outros gêneros incluindo Can, Tangerine Dream, Blackalicious e Beastie Boys. Um favorito naquele tempo em Fosse Lane foi o álbum de 1998 do Boards of Canada, Music Has The Right To Children, que trazia em conjunto uma sensibilidade indie com um uso criterioso de samples {Pequenos trechos sonoros recortados de obras ou gravações pontuais para posterior reutilização noutra obra musical}, sons originais e um lote inteiro de sintetizadores.

Voltando ao estúdio Bedrock no dia 21 de setembro de 2000, Saracuse continuou basicamente trabalhando no épico, na linha indie-rock que tinha marcado a sua carreira, assim como foi, até agora. Uma versão funky de ‘Come Back Down’ foi gravada, a faixa ainda passando por mudanças e correções no estilo, a banda claramente ainda testando as diferentes possibilidades que poderiam criar a partir da crueza de uma versão acústica; também nesta sessão, uma versão remixada apareceu com um sample loop estilo-sino bastante interessante (que foi incluído em um CD de loops e samples que Scott Gilbert tinha instalado no PC de Fosse Lane), um loop {Loop é um sample que é repetido} que posteriormente reapareceu bastante diferente, e numa forma muito mais famosa… em uma ocasião mais do que oportuna.

“Eu sempre mostrava drum loops a eles. [Eles estavam sempre] fazendo pequenos breakbeats {Música que se caracteriza pelos samplers de ritmos hip-hop, funk e electro} e tal. Foi ótimo: ‘Usem esse tempo no estúdio’, eles tinham um computador e, ‘Aqui está um software’ e foi mais ou menos assim que eles ficaram criativos e foi obviamente Tom e Serge.” Página 28