Sound, Movement & Empire: Página 31 e 32

“Mais pro fim de 2000, e eles tocaram no Princess Charlotte novamente e parecia que aquela banda interessante que antes vagava por aí estava começando a tomar forma. Enquanto no primeiro show, Tom tinha sido Liam Gallagher; ele pareceu mais Michael Stipe desta vez… como se algo de ruim tivesse lhe acontecido, como se sua confiança tivesse sido abalada… como se algo realmente grande tivesse acontecido com a sua vida. Ele parecia estar sendo muito mais introspectivo em sua apresentação; ele se agachava, pondo a mão na frente do rosto e coisas assim e isto com a música bem masculina de fundo era muito, muito interessante. E eles certamente andaram escrevendo mais canções como ‘Charlie’, havia mais um monte como essa. Eles tocaram uma versão de ‘Rain On My Soul’. Me lembro de Serge cantando, porque ele não cantou na primeira vez em que eles tocaram, e eles fizeram uma coisa fantástica no final. A banda parecia realmente unida. Eles levaram um DJ no palco e eu pensei, ‘Uh-oh, isso vai ser terrível’ porque eles disseram que não tinham ensaiado. Mas foi absolutamente fantástico, realmente muito legal. Posteriormente eles diziam, ‘Nós percebemos que precisamos ser mais interessantes do que somente Oasis.’ Algo tinha acontecido definitivamente com Tom, ele tinha mesmo modificado a sua perspectiva das coisas e ele me disse que ele tinha escutado alguns discos de soul de sua mãe. Me lembro que essa foi a resposta dele.” Aquele DJ foi Daniel Ralph Martin, um amigo da banda que logo iria desempenhar um grande papel no conjunto da obra.

Grandes mudanças ocorreram de várias formas: não só as influências musicais ficaram mais amplas, como Chris Dibs mudou de emprego nessa época também, com Mike insistindo que, no Bedrock, agora que a banda tinha um empresário, não haveria nenhum tempo de estúdio gratuito para a Saracuse.

“Chris então partiu e trabalhou como engenheiro telefônico,” revela Scott Gilbert. “Eu disse a Chris, ‘Sei que você está em uma banda, você gosta e tal, mas você tem uma oportunidade aqui para ser um engenheiro telefônico e você pode ir para o estúdio em meio período. Não gaste todo o seu dinheiro sendo uma estrela do rock, porque isso não vai dar certo!’ De verdade, fui tentando abaixar a bola dele gentilmente, sabe? Espero que ele não pensou que eu estava sendo [pessimista], eu só gostava muito dele…”

A banda nem sempre foi propensa a tomar boas decisões, contudo, e embora a Flying V de Karloff possa ter sido aposentada nessa época, Scott Gilbert relembra ‘afetuosamente’ de alguns instrumentos que deveriam mesmo ter permanecido na loja.

“Me lembro que todos eles compraram violões Dane. Eram violões horrorosos. Os originais foram aqueles vintage dos Anos 50 e 60, mas eles foram refeitos mais ou menos em 1999/2000 e eles pareciam pedaços de madeira de balsa. Os Beatles tiveram Rickenbackers, portanto eles pensaram que poderiam usar Danes. Chris tinha um baixo azul-piscina, que era horrível e tinha um som igualmente horrível!” Página 31

A outra grande mudança no processo também era iminente – uma mudança de baterista. “O baterista na época estava visivelmente fora do padrão”, mostra Ben Cole, porque “o resto deles ou tinham realmente aparência tipo Oasis ou realmente tinham cabelos compridos. Havia algo acontecendo com eles, mas ele era mais o estilo brincos, boné… essa coisa de mentalidade de gangue, ele fazia parte do grupo, mas então todos foram em uma direção e ele foi em outra direção completamente diferente. Basicamente, a história de Chris Karloff foi que o baterista tinha comprado um Audi muito veloz e o resto da banda estava como, ‘Nós não vamos entrar nessa, isso não tem nada a ver conosco.’ Então eles seguiram por caminhos diferentes.”

“Foi difícil,” Tom Meighan relatou mais tarde, “porque [Ben] era nosso amigo, mas ele era um garoto que corria o tempo todo… Só interessado no tamanho do seu cano de escape ou na potência dos alto-falantes no porta-malas do seu carro.”

Outro fato intrigante na história é citado por Ash Hanning, que era o engenheiro de som principal no Sumo em Leicester e nos eventos do vizinho Coventry Coliseum. Hanning lembra de mixar a banda ao vivo várias vezes nos tempos da Saracuse, e lembra-se de Kealey ainda estar com a banda que começava agora a chamar alguma atenção da gravadora por conta própria. Durante esta fase, Ben se separou da banda e Hanning sugere que várias influências exteriores estivessem implicadas – a implicação que possivelmente era uma gravadora.

“Justiça seja feita, ele foi fantástico, não era nada complicado e nem tinha que ser, porque muitas batidas tribais estavam nas faixas de apoio da mesma forma que nos shows eram tocadas com os samplers. Você não precisava de nada fantasioso, era só seguir na direção certa com um tanto de confiança. Mas lhe disseram [que ele não fazia mais parte da banda]. Foi difícil, porque ele tinha estado com eles desde a escola, na sua primeira banda, ele estava lá desde o primeiro dia, porque ele era realmente um bom companheiro.”

Como sempre acontece com esse tipo de assunto, existem várias opiniões quanto à natureza exata da partida do baterista, e Hanning adiciona à história que Kealey ainda estava com o grupo em 2002, o que é contrária à maioria das informações recebidas de outras fontes que apontam 2001 como Ano Zero. Independentemente, os fatos foram que Ben Kealey (que, de acordo com a maior parte do resto da banda, tinha um apelido ligeiramente inexplicável, ‘Deggers’) não era mais uma parte do grupo, da gangue. A história da Saracuse realmente termina com a partida de Kealey e os membros restantes seguindo em frente, em direção aos loops, samples e técnicas de processamento de batidas que eles começavam a gostar tanto. Página 32