Sound, Movement & Empire: Página 15, 16 e 17

“Nós todos éramos ligados à música”, Sergio contou ao Leicester Mercury, “mas eles só se interessavam em você se você ficasse até mais tarde para as aulas de oboé. E quem, com 15 anos, quer fazer isso?”. Bem, oboístas, provavelmente.

Chris Edwards nasceu dia 20 de dezembro de 1980, e foi atraído para o lado criativo dos assuntos em uma idade precoce. “Minha família é toda musical”, ele explicou. “Todos eles tocam instrumentos, mas eles realmente nunca ouviram muita música. Eu entrei na música por volta dos onze anos, comprando discos e ouvindo música. Foi isso que eu gostei na época.”

Música, no entanto, é uma forma de arte imersiva tanto quanto qualquer coisa, e enquanto ouvir discos é ótimo, tocar é uma experiência ainda mais gratificante. O jovem Edwards foi para aulas de piano, mas logo, “Desisti delas, porque o professor era uma merda. Minha mãe estava um pouco decepcionada com isso. Eu tentei um monte de instrumentos antes de começar com a guitarra. Peguei a guitarra quando eu tinha dezesseis anos e amei isso, então eu segui tocando. Então, peguei o baixo, brinquei um pouco para ver o que eu poderia fazer.”

Tendo se conhecido na escola, o amor por música de Edwards e Pizzorno logo ficou aparente, a história indicando que um protótipo de banda de amigos existia em meados dos anos 90, com a participação também do baterista Ben Kealey e de um vocalista que era o melhor amigo de Pizzorno na época, tocando juntos na escola em que todos dividiam, Countesthorpe Community College.

Isso logo fracassou, apesar do encorajamento de Pizzorno que, agora a banda estava formada, eles nunca trabalhariam juntos de novo. O cantor original logo virou passado e, por sorte – ou destino – isso ter acontecido, Tom Meighan, um amigo de longa data de Serge e Chris, logo entrou em cena como parte do grupo crescente de amantes de futebol e adolescentes inspirados em Oasis.

Blaby é uma cidade ao sul de Leicestershire com mais ou menos 6 mil habitantes, originalmente fundada por colonizadores Vikings e subsequentemente mais famosa por ter a segunda taberna mais antiga do Reino Unido, The Baker’s Arms, fundada em 1485. Com a chegada do século 20, o pequeno povoado se fortaleceu como cidade satélite da grande conurbação da própria Leicester. O jornalista Ben Cole cresceu lá.

“É um lugar muito, muito estranho”, Cole me contou. “Blaby é uma área pouco favorecida – mas tem um Waitrose! {Grande rede de supermercados britânica, criada em 1908} Chris e James [Jim Pratt] são famosos na história de Blaby, porque o pai deles era dono da loja de tapetes, e os tios deles tinham a Pratt Brothers, uma loja muito conhecida em Blaby. Todo mundo sabia onde era a Pratt Bros e quando eles fecharam todo mundo reclamou… Blaby era a cidade dos irmãos Pratt naquela época”. Página 15

O próprio Chris Pratt encontrou Tom Meighan, Chris Edwards e Sergio Pizzorno muitas vezes ao longo dos anos, estando na companhia deles dentro e fora da escola. “Nós nunca fomos músicos, nós fomos só amigos”, explicou Pizzorno. E isso significava fazer coisas que jovens homens costumavam fazer, como Ben Cole relembra.

“Tinha um garoto que eles não gostavam da companhia dele – ele era aquele tipo de pessoa que costuma ser um pouco irritante, [então] eles encheram uma garrafa de loção pós-barba com mijo e deixaram lá por umas duas semanas. Consequentemente [ele] usou o mijo como loção pós-barba!”

Tom Meighan também se recorda de quando conheceu Chris Pratt e seu estilo único em dias passados, lembrando dele por seu estilo clássico mais do que qualquer coisa – na época, Pratt era conhecido por usar costeletas impressionantes. Não só seu estilo era legal, Pratt era também conhecido por ser guitarrista e ter formado sua própria banda, agindo sempre como um espírito livre. Suas primeiras incursões na música foram entre 1994 e 1997, tocando muitos covers de Oasis e canções clássicas do Britpop simplesmente porque tinha vontade de tocá-las. Mas essa individualidade não ficava só nas costeletas, como Cole recorda.

“Ele ganhou essa guitarra de Natal”, ri o amigo de infância da família. “Era uma Flying V {Para os inexperientes, a guitarra Flying V é chamada assim por causa de seu formato distinto (como um V de lado). É mais tocada por guitarristas de metal, cuja propensão à sutileza dificilmente é um ponto forte. É bem provável ver Corey Beaulieu da banda Trivium tirando um solo em um desses bebês da Gibson, e para o jovem Pratt tocar uma dessas nas suas primeiras bandas, inspiradas em Oasis/Stereophonics, era uma coisa absurda. No entanto, ‘cavalo dado não se olha os dentes’; o design da guitarra colabora com toda sua dramaticidade e portanto não é um mau negócio para aprender a técnica} preta e foi estranho, porque naquela época todo mundo estava no clima grunge ou Britpop e ter uma Flying V estava um pouco fora de moda. [Ele estava] obviamente trilhando [seu] próprio caminho”. Óbvio. Mas o parque recreativo local induziu uma parte importante da história da banda de acordo com Cole, que no final dos anos 90 foi jornalista na revista musical situada em Nottingham, City Lights.

“Eu me lembro de Sergio me contando que, basicamente, a banda se formou com eles indo juntos fumar nesse parque em Blaby, e Tom começou a cantar ou gritar e com o tempo eles perceberam que ele estava cantando ou gritando muito bem”. E então Meighan passou naturalmente ao topo do inicialmente trio sem cantor de Edwards, Pizzorno e Kealey para seu show de estreia, em 1997. Página 16

“A mãe de Chris Edwards decidiu se mudar pra Londres”, recorda Scott Gilbert, que na época tinha um estúdio em Leicester chamado Bedrock, “então eles tiveram uma festa de despedida, era aniversário de alguém e eles fizeram essa festa particular no Blaby Football Club. Tinha uma discoteca no canto e eles foram tocar; esse foi o primeiro show deles… Não tinha [nada] lá, absolutamente nada, só os amplificadores de guitarra e a bateria. Eles se reuniram no canto e nós instalamos os vocais no sistema de som. [Nós] basicamente roubamos o kit do cara da discoteca para tentar e dar algum volume ao som da banda! Foi absolutamente fantástico e eles tocaram mais ou menos seis ou sete músicas. Entre cada uma das músicas eles gastaram uns dois minutos afinando os instrumentos e era discussão certa! Eu lembro de ter dito ao Chris, porque eu gosto do Chris, ele era um garoto incrível, eu disse, ‘Ah, vocês precisam parar de fazer isso entre uma música e outra, porque, eu trabalho com música há uns dez anos, e isso não se faz, diz ao Serge para não afinar a guitarra entre as músicas, porque isso soa muito mal. Ou então desliga os amplificadores!’”

Sábio conselho. A duvidosa performance inicial da banda também deixou uma coisa muito clara: o quarteto precisava de um guitarrista extra para reforçar o arranjo. E só podia ser uma escolha – a Flying V tinha o ritmo certo, e, na melhor tradição desse tipo de coisa, o quarteto encontrou Chris Pratt num pub local e perguntou se ele queria se juntar à banda.

Felizmente Pratt concordou – mas de agora em diante ele seria chamado de Chris Karloff, por favor.  Página 17
{Em homenagem ao ator de filme de terror, Boris Karloff, cujo nome verdadeiro era William Henry Pratt}.