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Interview: Serge Pizzorno (musicradar.com)

Entrevista: Serge Pizzorno do Kasabian sobre composições, guitarras e Velociraptor!
Mais: Beatles ou Stones?
@musicradar / Tradução: Kasabian BR

“Eu estou me sentindo um pouco mal agora. “ Sergio Pizzorno diz assim que entra no cômodo no New Work’s Terminal 5. A verdade seja dita, o guitarrista e compositor do Kasabian parece pálido com seu cabelo negro e seu guarda roupa de rock star que exagera na sua falta de pigmentação na pele.

“Deve ser as asas de frango noite passada.” Ele diz, desaparecendo em uma sofá preto suspirando. “Tenho que lembrar de não comer asa de frango 1 hora da manhã novamente.”

Pizzorno está conservando sua energia para o soundcheck que começaria em 30 minutos e para todo o show após. Embora Kasabian (o que também inclui Tom Meighan como vocalista, Chris como baixista, Ian como baterista e Jay como guitarrista) são superstars na terra natal no Reino Unido, tocando em arenas e abrindo festivais (eles são os principais no Reading e T In The Park esse verão) nos EUA eles tocam em lugares consideravelmente pequenos.

A banda não esteve pelo país desde 2007 (eles estavam marcados para 2009 porém tiveram de cancelar no último minuto quando Meighan teve gripe suína.) – uma vida para a música. Apesar disso, Pizzorno insiste que a banda não está mudando o setlist ou adequando para agradar olhos e ouvidos. “Não vamos fazer nada diferente.” Ele diz. “Não há truques ou nada como isso. Nós sempre tocamos as mesmas.”

O que significa que a banda vai oferecer uma saudável quantidade do novo álbum, o sonoro e voluptuoso Velociraptor! junto com hits como Vlad the Impaler, Shoot The Runner, Where Did all The Love Go? E Underdog. Apesar de seu nauseado estômago, Pizzorno provou estar interessado e se divertindo com nossa conversa na qual falamos sobre o novo álbum, compor, guitarras e se ele se considera um cara Beatles ou Stones.

Alguns artistas gostam de escrever em turnê. Você acha que a vida na estrada inspira suas músicas?
SP: Sim. Mas de um jeito diferente. Eu tenho tendência a reunir informações, como se estivesse acumulando todas. Fazendo isso, eu descubro que posso trabalhar em minha cabeça o que o novo álbum pode ser ou o que eu farei, não é necessariamente escrever, mas mais sobre descobrir o que eu quero. Estar em turnê é meio difícil de escrever. Eu acho. Mas eu compro um monte de filmes, livros e música, e eu tento absorver tudo. É o único jeito de pegar a coisa toda.

Tocando em pequenos lugares nos EUA, vocês sente um tipo de pressão a mais que tocando no Reino Unido ou qualquer outro lugar?
SP: Não, é ótimo. Eu amo isso, em fato, eu perdi isso de tocar em lugares pequenos. Eu acho que somos sortudos porque tocamos em shows grandes e nós temos que voltar aqui para tocar nesses lugares. Apenas olhando pro palco, eu estou pronto. Esses shows são muito divertidos. Eu amo tudo neles.

Vamos falar sobre algumas músicas do Velociraptor!: Switchablade Smiles é um casamento de batidas eletrônicas e o puro rock que parecem gostar. Qual riff veio antes, o eletrônico ou a guitarra grunge?
SP: Estranhamente, o riff de guitarra. Veja, eu canto como uma linha de sintetizador (imitando o som do sintetizador) ‘Doon!- doo –doo- doo – doo- doo-!’ algo assim, sabe? Então eu trabalhei nisso, como ficaria no sintetizador, e eu tinha esse riff velho no meu celular que estava aonde eu queria. Eu pus esse riff no computador e encaixou perfeitamente. É louco! (risadas)
Isso não devia ter dado certo, mas deu. Foi como uma colagem, de verdade. Foi como pegar coisas de todos os lugares.

Você não quebra nenhuma de suas Rickenbackers no vídeo, hãn?
SP: Não, nenhuma! (risadas) Foi para enganar. Foi uma dessas Gibson baratas ou algo assim. Eu acho que nem era uma guitarra de verdade, foi algo feito para o vídeo.

Goodbye Kiss é uma música pop melodicamente boa. Tem um pouco de influência de Roy Orbison lá, mas um pouco de Smiths também.
SP: Sim sim. Eu acho que pode ser um pouco de The Smiths. É meio que uma coisa tradicional de Roy Orbison ou Phil Spector, talvez até John Lennon – essas pessoas. Eu ouço de tudo. Eu sou obcecado com música e eu desenho todo tipo de coisa quando escrevo.

O som de uma guitarra atual inspira você?
SP: A maioria das músicas eu escrevo em uma velha Hofner. Eu acho que é de 1953. Eu amo aquela guitarra. É um barco pirata velho. É ornamentado, é bonita, e toda as coisas que escrevo são feitas lá, basicamente.

Você mencionou Immigrant Song como referencia para Days Are Forgotten. Você trabalhou com um circuito vocal para escreve-la. Você faz muito disso?
SP: Todo tempo. Eu produzo conforme vou escrevendo. Eu me vejo como produtor tanto como alguém que escreve músicas. Eu não necessariamente sigo as linhas tradicionais de composição de escrever algo em acústico e então produzir.
As músicas que eu escrevo soam do jeito delas porque eu as escrevo para o loop, para a batida. O loop e a batida me inspiram a vir com uma melodia. Então, é, eu sou tão produtor quanto sou um compositor

Alguns anos atrás, o riff de Underdog foi escolhido entre leitoras da Total Guitar como um dos melhores entre 50 da última década. Boa escolha?
SP: Wow! De verdade? Isso é enorme… Eu nunca soube disso. (risadas) É uma honra. Eu amo aquele riff. Para mim, é legal que foi feita em uma guitarra Hofner, uma acústica. É como o último riff pesado em uma guitarra de rock n’ roll que você poderia imaginar. Nossa, é bem incrível.

A impressão que você senta e fica trabalhando em escalas na guitarra não existe. Mas você pratica muito ou a sua aproximação com a guitarra é mais para compor?
SP: A minha coisa toda é sobre tocar com ritmo. Eu adoro fazer buracos nas faixas. Riffs e ritmos. É nisso que eu sou bom. Eu olho pro Jimi Hendrix e não consigo por minha cabeça naquilo. Ele era como um guitarrista especial. Eu poderia tentar minha vida inteira tocar como ele, e eu nunca chegaria lá. Você tem que ver no que é bom e como vem naturalmente isso. Para mim é como pegar os buracos e fazer ritmos interessantes. Ritmos africanos e negros. É aonde eu fico. Você sabe, estar hábil para achar um “espaço” nesse jeito de tocar. Então é isso aonde eu estou em termos de tocar guitarra.

Desde que Chris Karloff saiu, você é o principal compositor da banda. Isso fez as coisas serem mais fáceis para você?
SP: É como tivesse sendo sempre do mesmo jeito desde o primeiro dia, então, nada mudou muito pra mim. Nada realmente diferente.

Em algumas formas, você e o Tom podem ser visto como uma forma moderna de Towshend e Daltrey. Você vê essa comparação?
SP: Sim, nós somos parecidos. Eu diria que é uma ótima comparação. Não somos exatamente como eles, você sabe, desde que a banda concorde. Eu escrevo com a cabeça do Tom porque ele tem um jeito bem diferente a respeito das músicas que eu teria. Está sempre em minha mente que Tom quem cantará é uma consideração para cada ponto.

Que tipo de demos você faz? Elas são elaboradas com todos os instrumentos e os vocais colocados depois?
SP: Como eu disse, eu faço conforme vai surgindo. Tudo meio que se forma ao mesmo tempo. É bem incrível. A idéia de tocar em casa me faz usar qualquer coisa que esteja por perto. “Isso parece legal” e então eu vou por. Simples assim. Eu gosto de usar todos os sintetizadores, amplificadores velhos. Qualquer coisa que pareça velha que eu tenha em meu estúdio. Não há algum tipo de técnica por trás do que faço. Eu deixo rolar. Vamos trabalhar até soar legal, não importa o quanto demore. Mesmo que os microfones estiverem pendurados no teto ou no lado errado, se eu gostar do som de algo, está dentro.

Como você grava as suas demos?
SP: Eu gravo com Cubase e também o Pro Tools. Mas como eu disse, não é bem uma demo. É mais como fazer uma pintura, demora meses para preencher. É como funciona. É por isso que muitas músicas tem essas partes insanas no meio ou todos esses torções. Eu estou jogando tintas nela, e então se algo não sai certo, eu vou mudar algo ou por de volta.

Nos dois últimos álbuns você trabalhou com Dan The Automator. O que ele traz para sua música?
SP: Eu acho que o Dan é bom em deixar o álbum com um microfone 50p e fazer que pareça que foi feito em um estúdio de verdade. Ele pode pegar uma guitarra Hofner que eu gravei e e vai reforçá-la até ficar enorme. Isso é ótimo. Eu nunca precisei de modelagem nas faixas ou algo assim. Eu acho que o som do Kasabian é o que eu desenvolvi ao longo dos anos então eu nunca precisarei de ajuda com isso. Eu sempre tive uma identidade muito forte e eu sempre soube exatamente o que queria.

As guitarras que você usa – Rickenbacker 480 e 481, Fender Coronados, Epiphone Casino – são todos modelos antigos. Você não gosta dos novos designs?
SP: Não, eu não gosto de guitarras novas. Elas parecem horrendas. Não há história nelas. Eu gosto de imaginar quem já tocou a guitarra, sabe o que eu quero dizer? Guitarras são coisas lindas, guitarras antigas … Eu penso em todas as pessoas que dedicaram as vidas para aprender como tocá-las, todas as faixas que escreveram nelas. Incrível histórias vem com guitarras antigas. Eu gosto do jeito que são, as formas nelas. Elas são mais divertidas.

Com exceção dos modelos Rickenbacker 480, você é a favor de modelos semi-acústica.
SP: Sim, eu não sei bem porque. Eu acho que elas são mais fáceis de tocar. Eu acho que ver o John Lennon me inspirou a ter uma. E também Peter Hayes do Black Rebel Motorcycle Club que é um dos melhores guitarristas da nossa geração – eu realmente gosto. Além do mais, eu sou alto – tocar uma Les Paul no palco parece estranho, é como tocar banjo! (risadas)

Qual é a sua favorita combinação de guitarra e amplificador que você gravita usando-os?
SP: Um amplificador Watkins e Rickenbacker SF – modelo de 1975 [Nota do editor: o modelo 481 com trastes inclinada] É meu som. Ninguém mais usa isso.

Ok, última pergunta. The Beatles ou The Stones, e por quê?
SP: Agora, eu vou enganar, porque eu gostaria de ter escrito as músicas dos Beatles mas preferia ter estado nos Stones. As músicas dos Beatles porque… Todos nós sabemos. Bem, não tem nada mais pra dizer. Mas estar nos Stones sempre pareceu ser mais divertido. Viver, os Stones fizeram isso ano após anos, tiveram altos e baixos. Eles sempre pareceram muito legais também.
Keith é meu guitarrista favorito de todos os tempos. Eu sei de muita gente que se sente do mesmo jeito, mas a sua filosofia de vida, o jeito que ele é… ele é incrível. Como um guitarrista, ele é um músico de verdade, alguém que ama música. Eu acho isso lindo.

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