Matéria: Q Magazine (Setembro 2013) + Tradução PARTE II

É fim de tarde de um domingo, 29 de junho, Kasabian chega no Queen Elizabeth Olympic Park em Stratford, leste de Londres. Entre o sol e uma multidão furiosa já testando a coragem durante o show de abertura de Milkes Kane, a profecia parece promissora. Pizzorno assiste Kane do lado do palco com Paul Weller, que fará o show principal da noite, ambos avaliando o mar de corpos se apertando na arena principal, entre o que foi uma vez uma vila de atletas e o velódromo onde há menos de 12 meses, Chris Hoy se tornou o mais bem sucedido atleta na história britânica.

Outros esportes familiares se misturam na área VIP do backstage, incluindo jogadores famosos da Inglaterra do passado e do presente, como Leighton Baines e o inesquecível Peter Crouch. O Kasabian tem o privilégio de ter uma pequena mesa de pingue pongue no seu recinto, o qual, na maior parte do tempo permanece intocada, a banda está muito ocupada com seus amigos e família que vieram de Leicester, incluindo os pais de Meighan e Pizzorno. Em um momento de reflexão no camarim de Meighan, ele afetuosamente lembra onde o Kasabian estava há dez anos atrás. Em 2003, a banda estava vivendo juntos em uma fazenda em Rutland, todos dormindo em um colchão no único quarto, acordando e assistindo Magnum P.I. “Em uma merda de TV”, fantasiando sobre a arte do disco de dia e fazendo demos a noite. “Não havia um momento se quer em que não estivéssemos acendendo um cigarro.”

Seu pai apareceu sem anunciar, bateu na porta gritando “Esquadrão Anti-Drogas!”, rindo. As memórias de Meighan são vividas como se tudo tivesse acontecido ontem. Com o cheiro daqueles tempos. “É muito fedido. Nossa juventude foi tirada de nós pela música.” Ele diz nostalgicamente. “Eu acho que é maravilhoso. Nós damos nossas vidas para isso. Nós estamos juntos desde os 17 anos, então são 16 anos de estrada. É muito tempo. É mais que um casamento. É um casamento, um divórcio e 10 filhos. E outro casamento. Quando você olha o quão longe fomos. E isso foi sem críticas idiotas ajudando-nos. Nós fizemos tudo em nossos termos.”

O anfitrião principal, pelo menos em termos de mesa de bebidas, Meighan imita o estilo de Alan Carr de barman, conforme ele confere a grande opção oferecida, balançando e cheirando enquanto caminha pelas garrafas. “Você pode tomar Jack Daniel’s, ou vodka, alguma coisa com fruta… O que é isso? Greene King? Vá em frente, pegue uma cerveja.” Ele liga o iTunes em seu notebook, seu usual playlist antes dos shows, de Primal Scream e Thin Lizzy até a trilha sonora de Willy Wonka e a Fábrica de Chocolate. Seus filmes favoritos incluindo ‘Os Goonies’, ‘Howard The Duck’, ‘O Cristal Encantado’ e claro, ‘E.T’. Ele diz que não vê a hora que sua filha, Mimi, se torne grande o suficiente para assistir com ele. “Ela já aponta como o E.T.”, ele diz. “Sabe, com o dedo.” Ele também canta coisas boas para ela pela casa, como Beatles, ‘If I Fell’. E se Mimi Meighan crescer e desejar seguir os passos do pai, ele ficaria feliz dela seguir na música? “Claro que eu iria. Eu a apoiaria. Eu diria, vá, vá, vá garota!” Algum conselho em especial? “Para a minha filha? Não… Bem…” Uma risada envergonhada e um tapinha em meu joelho. “Apenas fique longe dos meninos!”

O clã da família do Kasabian pegam seus lugares ao lado do palco, juntando-se a multidão em outro couro na entrada Grandstand, definindo o humor no super sábado no Olympic novamente. A banda está pronta para isso. A sua família está pronta para isso. A platéia está praticamente pronta para isso, é tanto que você até acha que Pizzorno realmente deu um jeito de engarrafar aquela vibe daquela outra noite, infestando o parque enquanto ninguém estava olhando. O palco está forrado de branco (a multidão misturando e combinando uma caldeira de roupas dos Caça Fantasmas) com uma tela piscando secretamente mensagens de ponta cabeça como “MORCELA”.

É maior que Bridlington, uma multidão de 40.000 pessoas, mas a resposta é idêntica. Um êxtase maciço. Kasabian e sua misteriosa habilidade de telepaticamente persuadir as pessoas em cima dos ombros de outras é uma visão para contemplar: Se pirâmide humana algum dia se tornar um esporte olímpico, a banda poderia facilmente treinar a Inglaterra para o pódio. Quando eles terminam o setlist principal com L.S.F, a audiência continua gritando o refrão enquanto eles deixam o palco, é de deixar os pelos ouriçados, um momento que faz lembrar uma cena do Spielberg de Contatos Imediatos do Terceiro Grau, quando a multidão de índios se reúnem no deserto cantando a melodia que ouviram dos UFOs.

Fora desse mundo é um jeito de descrever o que seguiu no típico bis de Switchblade Smiles, Vlad The Impaler e Fire. Mais cedo, Pizzorno explicou a desonesta origem. “Ela foi inventada, porque às vezes na Europa nós temos que fazer duas últimas. Então criamos três que pra qualquer um depois de nós, qualquer um, em qualquer lugar do mundo, vai nos ver depois. Você se deixa levar depois dessa. Tente, seja meu convidado. Você já estabeleceu isso. Bang! É o fim. Você também pode pegar suas coisas e ir pra casa. O show terminou.” A angústia de quem tem que continuar na mesma noite depois do Kasabian honrar o campo do Olympic Park com a medalha de ouro, fechando o legado de forma merecida.

Com o clímax do Kasabian em Londres, a atriz Anna Friel, dentre as asas balançando para cima e para baixo, mil milhas longe, Rolling Stones está deixando bocas abertas no Glastonbury. Dentro das 48 horas do triunfo em Stratford, Kasabian será nomeado a aposta de 2014 para o headline na Worthy Farm (Local onde é realizado o Glastonbury). Mas isso, se o destino permitir, é outra vitória para outro dia.

“Esses shows gigantes, são assustadores, eu acho, mas se tornaram parte da minha vida agora.” Diz Meighan. “Mas o que eu amo mais que qualquer coisa é perseguir isso. Perseguir é maravilhoso. É a melhor coisa. A emoção de tentar fazer isso grandioso como uma banda de rock. Isso é meu atrativo e sempre será e é assim que você deve seguir com sua vida. Eu não quero perder isso. É tudo a respeito de perseguir.”

Amanhã, Kasabian irá para casa, cada um para um lado. Para domesticidade, paternidade, fraldas e para um deles, repetir o filme E.T. A vida fora do palco é interrompida apenas pelos sonhos do que o futuro trará. Outro ano. Outro álbum. Outra perseguição.

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Tradução: kasabianbr.com / Scan: casse-a-bien.tumblr.com

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