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Q Magazine: A viagem solo de Sergio Pizzorno – detalhes do projeto The S.L.P., incluindo novas faixas

O líder do Kasabian mergulha na sua paixão por trilhas sonoras de filmes e hip-hop em sua aventura solo.

Quando você é o guitarrista em uma banda, o caminho para criar um álbum solo geralmente vem de frustração artística. Aquele sentimento que enfim, depois de anos sendo encurralado pelos seus companheiros de banda, finalmente você é livre para fazer aquela coletânea de discos de jazz-fusion [gênero musical] épica que você sempre sonhou em fazer.

Mas dado que Serge Pizzorno, do Kasabian, é responsável por escrever, tocar, gravar e produzir 90% das músicas da banda, ele não pode realmente reclamar de não ter espaço para os seus desejos criativos, pode? “Não, exatamente”, sorri Pizzorno. “Somos sortudos que nossos fãs sempre nos apoiaram quando fizemos mudanças e alterações no nosso estilo. Nós fomos capazes de explorar e experimentar, mas definitivamente há essa coisa na sua cabeça sobre ser atração principal do Reading e Leeds [festival], Glasto [Glastonbury], tocando nesses shows grandes e tendo uma música que é um hit – que eu amo – mas foi legal poder não pensar nessas coisas e pensar em que esse projeto poderia ser qualquer coisa que eu quisesse, uma tela em branco.”

Depois que o Kasabian chegou em casa do final da turnê do álbum For Crying Out Loud [o último show foi em setembro/2018, São Paulo], a banda decidiu que eles precisavam de uma longa pausa. Como ele faz todas as vezes em que a banda está de “férias”, Pizzorno acabou passando seu tempo livre no estúdio. “Sim, eu cheguei no fundo disso. É porque eu acho que estou de férias o tempo todo. O que eu amo fazer acabou por ser o meu trabalho”, ele diz. “Me pareceu o tempo certo para fazê-lo. Depois de seis álbuns você precisa recomeçar tudo, sair do seu ciclo e encontrar outra coisa para pensar. Sair da sua rotina e só ir, “Boof!”.

O projeto solo de Pizzorno começou a tomar forma quando ele começou a pensá-lo como uma tira de quadrinhos, como se enquanto os super-heróis estivessem “fora de cena”, o perverso Dr. Serge estivesse ocupado planejando todo o tipo de travessura musical. “Originalmente eu ia chamar o álbum de Meanwhile… [pt-br. “Enquanto isso…”], a ideia era um super-vilão em seu laboratório, você sabe, “Meanwhile…” – ele diz. “Eu queria explorar esses diferentes elementos do meu personagem e de quem eu sou criativamente, me conectar com eles e ir fundo nisso.”

Além da ausência audível de Tom Meighan, The S.L.P. (abreviação de Sergio Lorenzo Pizzorno) não contém muita coisa que causaria aos fãs de Kasabian um grande pavor. É como se pegasse os elementos que Pizzorno sempre tocou e os levasse além. Se aprofundando em seu amor por trilhas sonoras, a música de abertura In Geneva [BBC cita Meanwhile in Genoa…] lembra o tema de Get Carter [filme britânico], interpretado por DJ Shadow. Enquanto que antes havia sons de teclados ou ritmos inspirados pelo artista funk nigeriano William Onyeabor, aqui há toda uma música inspirada (The Wu). No single Favourites, ele acentua sua longa paixão pelo hip-hop do inicio dos anos 90, com a rapper londrina Little Simz, que entrega um brilhante verso em cima de batidas barulhentas e uma linha de baixo difusa. Surpreendentemente em Nobody Else, ele explora um ritmo não usado por ele antes, um tipo de tropical house [gênero musical] que poderia ser encontrado tocando em um bar do Mediterrâneo.

“O que mais me surpreendeu no final, foi que eu pensei que o álbum seria desleixado e não convencional, mas isso se enquadrou bem direto nesse grupo de músicas.” ele diz. “É muito mais melódico do que eu esperava que fosse ser.”

Ele tocou o álbum para os outros membros do Kasabian e diz que eles não quiseram nenhuma das músicas para a banda. Estimulado por toda a experiência, ele até já começou a trabalhar no próximo álbum da banda antes mesmo deste ser lançado. “É muito animador, estou num momento incrível de que se eu vou para o estúdio, alguma coisa vai acontecer”, ele diz sorrindo. “São bons momentos porque são raros. Geralmente é muito esforço!”

Talvez agora seja a hora para aquela coletânea jazz-fusion do Kasabian.

Lançamento: A confirmar
Título: The S.L.P.
Gravado em: The Sergery, Leicester
Faixas: Favourites, In Geneva [BBC cita Meanwhile in Genoa…], The Wu, Nobody Else, At The Welcome Break [BBC cita Meanwhile… The Welcome Break], The Last Gary, [BBC cita Meanwhile… In the Silent Nowhere]

Fato fascinante: Pizzorno criou um ambicioso palco para tocar o álbum ao vivo, onde cada música é apresentada como um personagem diferente. “Eu quero construir um cenário, então é mais como um teatro do que um show”. O que ele ainda não fez foi descobrir quem vai atuar. “Eu não cheguei tão longe ainda.”

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Página 14 e 15

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