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Entrevista: Sergio Pizzorno fala sobre música e sua participação na G-Star RAW

Nos diga porque você se encaixa bem com essa campanha em particular, da G-Star?
O que eu realmente gosto na G-Star e as pessoas que eu conheci durante a campanha, é que eles estão procurando ser influenciados pelo passado, mas também olhando para frente, então é como “é incrível, mas como isso pareceria agora?” E nossa música faz a mesma coisa, nós somos muito influenciados pelos anos 60 mas não queremos recriar isso, nós queremos algo moderno nisso. Eu vejo a mesma ideia na G-Star, e eu também fico de olho nas experimentações. Eles são uma grande empresa e sempre são animados pela experimentação. Quando você vai até o escritório tem sempre coisas loucas acontecendo e é legal porque isso é raro. G-Star permanece subversiva e está sempre tentando algo novo.

Moda e música andam de mão dadas por esses dias, a moda é algo que você sempre teve interesse?
Definitivamente. Você não pode deixar sua casa sem fazer algum tipo de declaração, mesmo que seja um traje de Tony Soprano ou um macacão de lixeiro, alguém vai falar algo. Isso sempre esteve em minha mente.

Nos diga qual é a sua memória mais antiga a respeito de música?
É muito vívido. Meu pai me mostrou Chuck Berry, “Johny B.Goode” e ele tinha uma guitarra, ele não sabia tocar e não havia cordas, mas ele fingia tocar, eu amava isso. Eu achei incrível, você quer fazer os movimentos, e eu lembro ouvindo “Johnny B.Goode” e foi o momento que eu pensei, “é isso” – me fez sentir-se conectado. Eu liguei tudo naquele momento, a conexão com algo saindo dos auto falantes é tão poderoso e pode simplesmente mudar o seu humor. Você pode estar muito pra baixo ou pode estar muito animado e simplesmente completa o que você está sentindo e as palavras são muito poderosas. E foi desse momento que eu pensei “é o que eu quero fazer. Eu quero tentar e fazer as pessoas sentirem isso que eu senti ouvindo.” Terei 50 anos e direi que continua muito poderoso, as letras e os instrumentos. É tipo “wow”.

Kasabian é conhecido, pelo bem ou pelo mal, como uma “banda de garotos”. Como essa marca ficou conhecida e por que não conseguiram tirar isso depois de 20 anos?
Eu não sei, é difícil. Primeiramente é preguiça, a maioria das pessoas não desejam ir fundo nessas coisas. As coisas que ficam com você no início são difíceis de tirar, mas também te liberta e te dá um pouco de poder, porque você pode subverte-las facilmente. Todo mundo espera de alguma forma, então quando você aparece e não é assim, isso meio que confunde as pessoas – há algo poderoso a respeito disso. Eu sempre achei que as pessoas que realmente se preocupam e que gostam do que fazemos são tão apaixonadas quanto nós em dizer que é apenas preguiça das pessoas. Não é difícil procurar um pouco a fundo e é fácil ler uma coisa, uma entrevista ou uma matéria de dez anos atrás. “Oh, sim, é exatamente isso”, mas se você nos ouvir, vai pensar diferente.

Qual é a coisa mais ridícula que você já leu sobre você mesmo ou a banda?
Eu não sei se é verdade e eu gostaria que fosse, então eu vou dizer que é verdade – que Arnold Scharzenegger costumava trabalhar com o nosso primeiro álbum. É uma das coisas que você fica “Eu não me importo, é verdade.” Algumas coisas você não se importa que jornalistas escrevam, e se isso fosse verdade, seria incrível.

Ele provavelmente estaria trabalhando em alguma lei para o governo de Los Angeles, ouvindo ele?
Bem ridículo, não? Eu não sei se ele estava no escritório, mas foi por esses tempos, então algumas grandes decisões foram feitas ao som dele.

Você tem estado na banda desde 1997. Quase 20 anos. Como você progrediu pessoalmente e musicalmente durante esse tempo?
Eu acho que muito, muito eu suponho. Eu não gostava muito de aprender quando eu era criança, na escola e tal, eu não gostava. Odiava, aliás. Mas agora eu não paro de aprender. Eu acho, eu me animo todos os dias, porque eu sei tão pouco de tantas coisas, então eu estou meio que juntando informações, especialmente de músicas, mas também de todos os tipos de coisas. Eu acho que nada fica como era. Criatividade me manteve vivo, porque eu realmente não sei o que estou fazendo e a criação, fazer isso, é a melhor coisa. Fazer um álbum ou um show é muito incrível. Durante o caminho você tem um monte de drogas e bebidas, e tem um momento bom.

Isso envelhece ou se torna cansativo rapidamente?
Sim, mas ao mesmo tempo não. Quando isso come o seu sistema nervoso sim, mas quando é uma viagem a uma feira, é fantástico. Mas eu acho que aprendi muito. Eu meio que fiquei o mesmo, até porque eu nunca fui um otário.

Mesmo agora 20 anos depois, ainda tem garotas jogando calcinhas e sutiãs no palco. Isso também envelhece ou você pensa “É, nós ainda mandamos bem!?”
É hilário cara, é engraçado! Eu sempre pensei, escutando Chuck Berry, que isso se conecta com as pessoas, essa emoção, fazê-los sentir aquilo e estar disponível pra fazer isso, é uma coisa incrível. E poder fazer seja lá o que você faz, se os faz tirar suas camisas, então é uma forma de fazê-los mostrar esse sentimento. Você fica um pouco envergonhado com isso.

Falando da indústria da música, nós discutimos como você mudou, mas você tem sentido a mudança na indústria da música também?
Nós assinamos em 2002 e nos últimos 10 anos eu acho que não mudou muito do que nos anos 60 e 70. Eu não posso decifrar se foi pra melhor ou pra pior, nós estamos ganhando, mas é como se tivéssemos perdido algo também. Voltando pra parte criativa da coisa, você pode fazer um vídeo agora e por na internet para os fãs verem. Você pode fazer uma música no hotel e mostrar pra todos sem precisar de restrições da gravadora querendo seus rins, você pode ser livre. Se você é uma banda nova você pode ter sua música em todos os lugares e as pessoas pensam “isso é ótimo”. A parte ruim dessas coisas é porque você tem música de graça e de alguma forma tem banalizado, faz valer menos e não ser especial. Porque você vai ouvir uma música no seu notebook com auto falantes ruins por 30 segundos e pensar “não, isso é merda, vou me livrar disso.” Se você roubar um álbum, sempre será de graça. Por isso é bem difícil pegar o dinheiro e ir comprar um CD, mas se você comprar o álbum, levar pra casa, tocar no seu rádio, e porque você comprou, você vai pensar “eu vou dar uma chance, porque são o que, 10 libras?”
Todo o processo de ouvir um disco do início ao fim, foi perdido. Era tão grande e especial, ficar na fila da loja de discos em uma segunda de manhã pra esperar um disco novo, era incrível. Mas você tem que se adaptar e nós fizemos isso nos últimos anos, originalmente eu era muito mais de achar que não preciso contestar a minha vida por causa disso ou perder meu tempo se preocupando com a internet, eu pensava: “Oh Deus, eu prefiro apenas fazer umas músicas.” Mas é uma parte grande agora se conectar com as pessoas.

Nos últimos anos você se tornou pai e isso mudou a sua percepção do mundo de alguma forma?
Definitivamente. Eu estou mais interessado em viver agora. Não de um jeito profundo, mas eu não posso mais ser ridículo como costumava ser, então é algo bom. Também a alegria é indescritível. As pequenas coisas, tipo o café da manhã tem sido o melhor momento do dia. Coco Pops (Cereal) por todo lado e isso é o café da manhã. Eu amo isso.

O que você faria se daqui alguns anos seu filho dissesse que quer ser músico?
Você sabe – ele já está nessa, incrível. Ele ouve os nossos álbuns o que é maravilhoso e ele adora A$AP Rocky, mas o problema são as letras, eu nunca tinha prestado atenção, mas agora eu penso “O quê!” Tem uma parte de mim que pensa “sim, eu quero que ele aproveite isso.” Eu amo o fato dele ter 3 anos e ele entende o espírito, mas então eu penso “merda, ele tem que ir pra escola.” Ele disse: “Eu quero estar em uma banda, pai.” E eu perguntei: “Incrível, o que você vai tocar, qual instrumento?” e ele disse “brinquedos.”

Essa é a nossa questão revolucionária, então, quem é pra você a pessoa mais revolucionária do nosso tempo?
Eu acho que David Quebit artisticamente, ele literalmente faz algo diferente. E continua ainda, especialmente olhando para o mundo da arte, visualmente o que ele fez nos filmes, ninguém chegou nem perto disso. O processo dele é tão intenso e metódico, tudo foi considerado, era tudo parte de sua visão.

Musicalmente?
Quincy Jones, eu acho. Aonde a música está acontecendo, geralmente é uma versão moderna do que ele está fazendo. Agora seus álbuns estão com 30 anos, mas ele viu o futuro e isso é louco como ele virou uma espécie de gosto, isso prende, até hoje.

Falando de revolucionário, você tem se declarado aberto a respeito do desgosto pelo governo conservador e a realeza, você acha que o Reino Unido está precisando de uma revolução e uma sacudida?
Eu absolutamente penso que sim. Eu fiz a música, porque não sou muito bom falando, mas eu estou pronto pra seguir, eu só estou desabafando para alguém, alguém que nos acorde.

O que você acha que precisa acontecer?
Primeiramente nós precisamos dispor de tecnologia, esse é o primeiro passo. Restabeleça tudo isso, desligue o Facebook e o Twitter, desligue tudo isso e comece novamente, aonde nos levaria eu não sei, mas basicamente isso seria um começo pra mim. Ninguém pode começar a debater e discutir o que precisa acontecer até as pessoas trocarem as amarras que temos. Mas nós precisamos de alguém com um plano, um plano que seja sobre cuidar um do outro, é isso.

Qual é o legado que você quer deixar em sua vida?
Você sabe que isso é realmente uma coisa importante pra mim, e não me ocorreu que eu estava na lista a respeito de deixar coisas para trás, talvez até em alguns anos atrás. Quando você faz um álbum pela primeira vez e é contratado por uma produtora, você não consegue pensar em qualquer coisa que não seja isso, é incrível. Você lança um álbum, mas então o que acontece é o passado e você percebe “Merda, em vinte anos, as pessoas irão olhar para trás, na década que você estava por perto.” Eu gostaria que as pessoas aproveitassem a graça no que fazemos, porque nós podemos ser percebidos como sérios agora, mas há muitas coisas ridículas que aconteceram. Até porque, nós não soamos com qualquer um que estava por aí e nunca nos importamos e isso é ótimo, então, provavelmente as pessoas pensarão: “É, eles realmente levaram a sério, realmente tentaram, eles eram algo especial.”

 Fonte: hungertv.com

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