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Matéria: NME (Janeiro 2014); conheça mais das 7 faixas do novo álbum

Chutando tudo a respeito da música mais esperada desse ano, Kasabian fala sobre seu perigoso novo álbum.

Em uma sala espaçosa de paredes cinza dentro de uma grande casa fora de Leicester, Tom Meighan não pode conter o quanto está emocionado com o novo álbum que o Kasabian está quase acabando de fazer. “Isso é o máximo de animado que eu já estive,” ele diz. “O álbum é um dane-se real a qualquer um que ousar criticar ou reclamar para nós, e dizer que não podemos fazer música assim. É um real ‘dane-se você.’ Há várias bandas que tentam fazer esse tipo de música, mas falham porque não tem música. O processo começa simples. Serge pega uma demo e a constrói. E então ele a transforma em combustível de foguete e nitrogênio líquido, é nítido, quebra e fica bem. É uma perigosa, perigosa, perigosa droga criada. Eu não consigo nem pensar nisso. É rock n’ roll.  Tem uma crueza e irrita, mas nós voltamos com a parte eletrônica e nós ficamos acima. O que mais nós podemos fazer? É uma bala de prata, cara. É fantástico. É algo acima de qualquer coisa que já fizemos. Nós trabalhos duro. É algo acima da dureza. É hardcore. Nós queremos por tudo isso para fora e deixar as pessoas ferverem sobre isso. Deixa-los se preocupar com isso. E aí fazer uma baita turnê.”

Em junho, o quinto álbum do Kasabian seguido de Velociraptor de 2011, será lançado. Um álbum que os fez grandes suficientes para ser atração principal do Reading & Leeds em 2012 e no Queen Elizabeth Olympic Park em 2013. Todas as 13 músicas, muito deliberadas, vão ter apenas uma palavra de título, mas o nome do álbum por enquanto é segredo, porque segundo Serge, a mente criativa da banda, sentado ao lado de Meighan, disse: “Vamos lançar o álbum de um jeito diferente.” A maior parte do álbum, excluindo apenas o vocal e a bateria que foram feitos no State Of The Ark estúdio em Londres, todo o restante foi feito no estúdio na casa de Serge. Dentro, entre mesas de mixagem e instrumentos, há uma cópia da revista Scootering, muitas penas, uma bandeira da Itália, uma bandeira do Kasabian e uma placa que diz ‘The Sergery’. Pizzorno põe seu iPod pra tocar com quatro de suas novas canções. ‘Treat.’ ‘Ezz-Eh’, ‘Explodes’ e também a que abre o álbum que parece um single, ‘Bumblebee’. De acordo com Pizzorno, as músicas do álbum caem em três categorias. “bangers, místico e de acampamento”. Hoje é mais a respeito das duas primeiras categorias.

Conforme as músicas tocam, Pizzorno e Meighan se olham de relance, dançam e sussurram um para o outro, coisinhas que notam: Coisas que Pizzorno adicionou desde que Tom Meighan ouviu pela última vez um mês atrás, coisas que precisam ser torcidas. Em uma parte durante a grande e eufórica ‘Treat’, a qual Serge e Tom dividem os vocais, eles se olham e gargalham. Pizzorno explica: “Tem uma parte onde a música cai, e é dita a palavra Leicester. É algo genuíno do velho hip-hop. É meio que errado, mas é incrível ao mesmo tempo.” Essa não é a única homenagem da banda para a cidade natal. Nomeada pelo dialeto de Leicester, ‘Ezz-Eh’ tem uma batida eletrônica pesada – tem um refrão que fala: “Carne de cavalo no hambúrguer, pessoas cometendo assassinatos, todo mundo tocando corneta, nós estamos sendo observados pelo Google.” (Horsemeat in the burgers, people commit murders/Everyone’s on bugle, we’re being watched by Google.) O qual Meighan diz: “É engraçado. É meio como no desenho. É punk. Nós nunca fizemos algo assim. É trash, é sujo. É Leicester.” Pizzorno aumenta: “É mais como uma conversa entre eu e Tom as seis da manhã. Assuntos ridículos quando você acha que está falando coisas fantásticas, e na manhã seguinte você está se perguntando… o quê?”

Há mais referências pessoais em ‘Explodes’, uma faixa cheia de batidas e momentos onde vagamente lembra partes de  ‘The Fat Of The Land’, do The Prodigy. Pizzorno diz: “É sobre escrever, realmente. Se aprofundando. Qualquer um que trabalha duro como nós para criar algo, faz chegar a um ponto em que você não sabe quem é mais e você sente que sua cabeça vai explodir literalmente.  Mas esse é o ponto – você apenas faz arte realmente boa quando você se põe dentro do cilindro.” Eu sugiro que tem um pouco de sintetizadores parecido com Pet Shop Boys nessa música. Ele diz: “É mais Frankie Knuckles. Meio que Acid House Chicago 91’. Algo sobre crescer, Keith Richards sempre fala sobre Chuck Berry e John Lee Hooker, é de onde ele veio. Nós viemos de Slipmatt e Top Buzz. Então fazer uma música como essa é tipo fazer uma faixa de blues com slide, como os Stones costumavam fazer.”

E então ‘Bumblebee’, a maior de todas. Foi a primeira faixa que Pizzorno fez para o álbum, tendo a melodia surgido depois do África Express com Damon Albarn na Granary Square em Londres, em setembro de 2012. É sobre a conexão do Kasabian com seus fãs. “Eu não tinha um nome e meu filho Ennio, a chamou de ‘Busy Bee’, disse pizzorno. “Eu pensei que ele disse ‘Bumblebee’, e pensei: ‘Isso é um título incrível’. Humanos não podem existir sem bumblebees, e a música é sobre os fãs e sobre nós nos juntando a eles e atingindo um ponto maior – nossos fãs são nossas bumblebee. Sem eles estaríamos ferrados. Sem eles polinizando as flores, estaríamos acabados.” Também tem o que Meighan acha: “‘Bumblebee’ começa comigo. Quando ela começa é como ‘nós estamos de volta’, vivos, vai ser incrível quando começar a tocar. Tem algo do Black Sabbath também. Eles eram de Midlands assim como nós. É algo bem de Midlands, soa como se fôssemos do meio da Inglaterra.” Novamente, Serge continua: “Mas também tem muito de Beastie Boys e Flying Lotus.”

De volta para casa, depois de Meighan pegar um táxi, Pizzorno elabora que todas as ideias dos músicos, filosofias e sons foram gravadas para esse álbum. Muito do compositor italiano Ennio Morricone aparece, um homem que Pizzorno ama tanto que batizou seu filho com o nome. Também tem The Prodigy, The Chemical Brothers, Madlib, Lee ‘Scratch’ Perry, Beak, Frankie Knuckles, Slipmatt, Top Buzz, John Carpenter, Led Zeppelin, Nirvana, Chase & Status, Tangerine Dream, Joe Strummer, George Harrison, Quakers e Beck, de quem a ideia de ‘Song Reader’ impressionou ele tanto, que quando ele ouviu sobre em uma rádio ele teve que parar o carro e “respirar por um momento”. Ele disse: “Foi como ‘Nossa, é a melhor coisa que eu já ouvi’. Nesses dias e em eras, ‘você tem que tocar isso por si mesmo’ e nunca lançar, então ninguém nunca vai saber como soa. E isso é muito bom.” Ele descreve a ideia de Beck como um “movimento”, uma frase que ele usa muito quando fala de decisões ousadas de outros músicos. O que influência sua aproximação nesse álbum também foi “Yeezuz” de Kanye West. “Os movimentos que ele pôs, da pessoa que ele é e o quão mainstream ele se mostra, você precisa tirar o chapéu para ele,” Serge diz. “No rock, eu acho que ninguém fez esse “movimento”. Não em soar como Kanye West, mas de pensar ‘dane-se’. Eu queria fazer o mesmo. Eu quero que as pessoas ouçam uma banda de rock que toque guitarra, mas não é apenas uma banda de rock. Como ia soar o álbum já estava decidido, mas ‘Yeezuz’ reforçou que precisávamos de mais ‘movimento’, de músicas que precisavam ser de sete minutos, e então parar no meio e mudar, com sintetizadores para ser muito alta. As letras soarem como rimas de hip-hop. Nós somos uma banda grande e tem muito do que podemos fazer. Você não quer apenas continuar na mesma.”

Pizzorno também ama Death Grips. “Eles são… intransigentes. Eles fazem o que querem e mostram para todo mundo. É algo difícil de ouvir, mas você não pode negá-los. É como techno punk, é fenomenal. Aquela música chamada ‘Guillotine’ é muito boa – você pode limpar o quarto ouvindo ela. Tem uma banda chamada Toy, eles vieram no nosso camarim e nós estávamos com Sonic Youth, e todas as músicas óbvias, eu estava sentado lá e pensei, ‘Eu vou por uma música’ e eu coloquei Death Grips e isso clareou o lugar. Eles estavam todos assustados com a música. E eu pensei ‘É isso.’” Isso não significa que o novo álbum do Kasabian é cheio de barulhos brutais. Pizzorno quer levar a banda para lugares que eles nunca estiveram, mas ele sabe que eles ainda precisam de hinos para grandes festivais, especialmente quando há rumor de serem atração principal no Glastonbury desse ano. “Eu não sou idiota. Nós estamos bem atentos ao que somos e o que significamos para as pessoas. Nós temos grandes, épicas músicas com refrões grandiosos, e nós temos orgulho disso. Nós queremos que 50 mil ou 60 mil pessoas venham ao nosso show e tenham uma noite incrível. Mas eu também quero espremer o outro lado das coisas, então as pessoas podem pensar ‘wow, tem muita coisa rolando.’” E não apenas musicalmente. Três músicas no álbum, nenhuma delas tocadas hoje, escondem assuntos a espreita dentro da parte mais profunda do cérebro de Serge. A primeira, ‘Kid’, é inspirado na artista de Londres Carrie Reichardt e os seus mosaicos intitulados Mad In England. Pizzorno diz: “Eles são incríveis. Se tira a letra “E”, e fica perfeito. O primeiro verso é sobre os mais velhos te derrubando, o segundo verso é a volta e o refrão é: ‘All the kids will say we’ll live to fight another day’. É tão enorme, é uma faixa épica.” A segunda música, ‘Glass,’ é sobre o que aconteceria “se parasse e pensasse o quanto de poder nós temos”. Ele explica: “Com a evasiva taxa da Starbucks, se nós todos nos uníssemos e falássemos ‘OK, ninguém mais vai na Starbucks’ tomaria apenas uma semana para destruir uma empresa.” A terceira, que fecha o álbum ‘SPS’ (abreviação para ‘Scissor Paper Stone’) é escrita para e sobre Tom. Pizzorno diz: “Você escreve suas experiências. É difícil achar assuntos quando sua vida é… sabe. Mas eu e o Tom, volta e meia nos achamos no ônibus as sete ou oito da manhã, e é sobre ter uma música para aquele momento quando pensa: ‘Seria incrível se tivéssemos uma música sobre isso.’ Todo mundo tem isso quando você sai a noite e sobram só duas pessoas, e aí você pensa, ‘Eu tenho que realmente ir pra cama,’ e aí ‘Só mais uma música’. É sobre o jogo de quem consegue ficar de pé por mais tempo.”

Toda essa criação de Pizzorno que ele chama de “rock n’ roll do futuro”. “Eu bato nisso o tempo todo”, ele diz: “Há música eletrônica incrível sendo feita, e rock também sendo feito. Ninguém combinou os dois ainda. E esse é o mais próximo que consegui.” O que resta é Tom arrebatar com um comentário que tinha feito antes, falhando em conter sua animação: “Eu estou preocupado pelas outras bandas.”

O álbum até então:

Treat – Tom: “Treat, mais do que qualquer coisa, é sobre se olhar no espelho e ver seu lado mal. Comigo e com o Serge existe um tipo de lado bom e lado mal nosso. Ele é meu gêmeo mau e eu sou seu gêmeo mau, é verdade. É cara e coroa na moeda, duas caras.”

Explodes  Serge: “É sobre colocar a caneta no papel e criar algo.”

Ezz-Eh  Serge: “A letra é toda slogan ‘Os homens errados têm o poder, transformando meu leite azedo’. (The wrong men have the power, turning my milk sour.) E ‘Estou lidando com distúrbios.’ (I’m coping with disorders.) Eu gosto dessa parte. Nós todos temos distúrbios. O meu é que se não sei onde o controle da TV está, eu piro.”

SPS – Tom: “É uma música sobre mim, que Serge canta. É linda, um elogio, mas o problema é que eu tenho que escrever uma de volta agora.”

Bumblebee  Serge: “Vai ser provavelmente a música que abrirá os nossos shows. O clipe vai ter que envolver um moshpit* (roda punk), filmado de um modo muito bonito.”

Kid   Serge: “Há uma artista, Carrie Relchardt, que faz uma série de trabalhos chamada Mad In England – eu tenho um – e ela é incrível. Eu pensei que Mad In England era incrível, e eu pensei que essa música inspiraria pessoas.”

Glass  Serge: “Vem da ideia que se as pessoas se juntarem em um coletivo, nós faríamos muitos estragos. É como quando eles bloqueiam as estações de petróleo e não temos petróleo por três dias. Há poder naquilo.”

Novas bandas – Serge: “Talvez o que esteja errado com muitas bandas novas agora é que são muito consideradas. Eles não querem dizer merda que talvez ofenda ou não serão lidas da forma certa. Nós não nos importamos. Nós fizemos todas nossas primeiras entrevistas fora de controle.”

Relação entre Tom e Serge – Serge: “Tom e minha mulher são as únicas pessoas que eu sempre ouvirei na minha vida. Se o Tom aparece e fala ‘Eu preciso falar com você’. Eu digo: ‘Por aqui, vamos.’ Se for qualquer outra pessoa, eu falo ‘Só um pouco,cara.’ Esse é o nível.”
Tom: “Nós precisamos de um tempo só nosso, porque quando estamos juntos é adorável. Eu posso facilmente aparecer em uma sexta e falar ‘Você está bem Serge?’ Vamos fazer uma festa naquela sala, conversar,  ficar juntos.'”

Mal entendidos – Tom: “O maior erro é achar que nós somos uma banda indie. Que nós pertencemos a mesma caixa que Shed Seven e The Bluetones e Supergrass. Nós somos uma banda de rock n’ roll, nós somos uma fusão, simplesmente isso. Eu odeio essa palavra ‘indie’. Nós somos o rock n’ roll do futuro.”

Música experimental de Serge – Serge: “Tem músicas que eu tenho que nunca entrarão em um disco do Kasabian, músicas como krautrock de 20 minutos com eletrônico. Mas isso é para outra hora e lugar. Todas as minhas músicas começam com um estranho sintetizador e eu as construo como músicas. Se eu não as construíssem, seriam estranhas batidas de sintetizadores. Eu talvez faça isso depois do álbum, quando todo mundo já souber como soa. Talvez eu lance os cortes que não estão no álbum.”

Twitter – Serge: “Nós talvez sejamos a última banda que não precisa fazer o que as outras fazem agora. Isso vende mais álbuns? Mais ingressos? Ok, você tem 100 milhões de visualizações no Youtube, mas você pode vender a lotação da O2? Provavelmente não.”

O poder do Kasabian – Serge: “O poder do Kasabian é unir as pessoas. E de lá eles vão aos lugares que precisam ir. Porque eu não sei outra resposta. Eu não sou qualificado para dizer nada para ninguém. Mas eu gosto de pensar que nós trazemos as pessoas perto o suficiente para as coisas acontecerem.”

Fotos / Scan: kasabianbrwebsite

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