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Entrevista: Sergio Pizzorno fala sobre vinis para a The Vinyl District

Em setembro, antes do Kasabian dar início a sua série de apresentações nos Estados Unidos e no Canadá, Sergio Pizzorno falou com a The Vinyl District sobre seus shows, o novo álbum For Crying Out Loud e a experiência com vinis.

Confira a seguir a entrevista traduzida por nós:

Já faz três anos desde que você tocou nos EUA. Pelo que você está mais ansioso?

É uma pequena corrida, porque só estamos tocando sete ou oito datas. Não é como se fosse um evento matador de oito semanas, o que é ótimo. Durante o verão estivemos tocando nossas novas canções ao vivo e estamos chegando ao ponto máximo, definitivamente. Portanto será ótimo fazer alguns shows menores e refinar ainda mais e ver se podemos animar alguns americanos.

Qual a diferença entre os públicos dos EUA e do UK?

Suponho que há muito mais deles na Inglaterra do que nos Estados Unidos. Somos bastante abençoados, porque realmente não importa — os shows são selvagens em qualquer lugar. As pessoas que vem para nos ver sabem fazer um tumulto. Portanto eles são bastante parecidos em qualquer lugar realmente. Os mosh pits (roda-punk) são intensos. A gente parece ser transportado para uma sétima dimensão. Então sim, são bastante parecidos.

Como são seus shows? Vocês estão tocando a maior parte do novo álbum, For Crying Out Loud, ou vocês misturam com alguns hits?

Sim, temos um equilíbrio bom. Temos alguns álbuns, portanto tocamos um pouco de cada. É ótimo — para manter interessante, mexemos com o material antigo o suficiente para mantê-lo fresco e para encaixar em tudo. Penso, para mim, com o setlist, tento criá-lo como um show dançante onde constrói em volta do fluxo e dos pontos altos. Então, às vezes uma canção estará lá porque é uma coisa emocional em vez de termos de tocar canções a partir disto e isto e isto. Tem mais a ver com — você começa em um nível e no fim é euforia pura. Quando você consegue esse tipo de sensação incrível, parecida com um transe, quase tribal — é mais ou menos o que nós fazemos com o setlist.

Assisti ao seu último vídeo, para a música “Ill Ray (The King)” e eu realmente amei. Como ele aconteceu? E como Lena Headey (de Game Of Thrones) se envolveu?

Não tivemos um vídeo desta canção e recebi alguns rascunhos, mas eles não eram tão bons. Eu estava de férias, no banco de trás de um táxi — isso nem era sério — e escrevi um rascunho, porque precisávamos de um. E aí enviei ao meu amigo que é diretor (Dan Cadan) e sua noiva é Lena. Então ele disse “Amei isso, a Lena está ao meu lado e ela também amou e ela quer estar lá e ser a rainha da história.” E por sorte ela estava por perto. Foi maravilhoso e foi filmado na minha cidade natal. Foi incrível ver a rainha má de Game Of Thrones andando pela minha cidade. Todo mundo ficava olhando, “O que está acontecendo?!” E obviamente, o Rei Richard (Richard III) é uma figura icônica de onde viemos, portanto trazê-lo de volta dos mortos foi bastante divertido também.

Quais são algumas das suas lojas de discos preferidas para visitar quando você está viajando e quando você está em casa?

Obviamente aquela em São Francisco, Amoeba. É uma loja ridícula e você pode conseguir literalmente, absolutamente tudo lá. É uma experiência verdadeira. Você entra lá e escolhe um álbum pela capa ou pelo verso e você lê o selo. É um daqueles lugares onde o pessoal tem conhecimento. Eles não são somente vendedores. Eles vem e “Oh você gosta desse, você vai gostar deste porque eles gravaram isso neste estúdio.” E fazendo compras em Londres, Rough Trade, que está numa escala muito menor. Mas quando você entra, o homem atrás do balcão te reconhece e logo pega cinco discos e diz, “Você vai gostar desses.” Agora a versão moderna é, você compra uma canção e isso diz, “Sugestões: você também pode gostar destas…” e o computador sempre escolhe mal. E você fica tipo “Vai se foder! Eu não gosto disso!” Mas o homem no balcão, um ser humano, vai e “Não se preocupa, eu te ajudo. Esses acabaram de chegar da Alemanha e foram gravados em 1973.” E você fica tipo “Sim! Sim!” Essa é a beleza nisso e esses são os tipos de lugares que eu gosto de ir.

O que você está sempre procurando adicionar à sua coleção de discos?

O tipo de discos iniciais do hip hop. Eles são os que eu sempre busco. Há também um tipo estranho de Turkish disco music [Música disco Turca]. Não é fácil de encontrar, mas no momento é nisso que estou interessado. É uma espécie de interpretação da música disco, você obtém esse tipo de sentido tradicional e o progresso, mas então a batida se torna uma batida própria de pista e então tem essa natureza quase psicodélica. Então é o que eu tenho procurado recentemente, mas não é fácil de encontrar.

Isso inspirou alguma nova música que você está escrevendo?

Mais ou menos. Encontrei uma banda chamada The Dur-Dur Band e eles são incríveis. Eles gravaram tudo em cassete e depois adaptaram pro vinil, o que é esquisito. Dessa forma você tem esse tipo de som excêntrico de cassete demo. Não acho que isso tenha sido pensado. Acho que foi só o modo que eles tiveram que fazer porque não tinham equipamento. Mas é meio incrível. O groove, eu espero que ninguém reconheça, mas eu vou roubar todo esse groove porque ele é muito bom!

Qual é o disco que você acha que todos deveriam possuir?

Bem, para mim, o álbum auto-intitulado do Silver Apples. Eu cito ele toda vez. Toda vez, mesmo agora, ainda soa fresco como música do futuro e é, você sabe, final dos anos 60, início dos anos 70. Esse vinil, para mim, esse é o vencedor.

Você se lembra da sua primeira experiência com vinil ou o primeiro disco que você comprou?

Sim, minha irmã tinha um toca discos. Ela costumava tocar The Smiths o tempo todo, então eu costumava bater na parede, “Isso está me matando!” The Smiths e U2 e todo esse negócio. Acho que o primeiro disco que comprei foi Bad. Eu trouxe para casa e coloquei a agulha para tocar e tocar. Eu lembro, você sempre segurava a capa quando estava ouvindo isso. Você não solta o álbum. Você segurava a capa e olhava para ela enquanto tocava. Eu costumava amar isso. Na maioria das vezes você lê as letras e canta. Era mega. É incrível que o vinil esteja começando de novo. É fantástico.

Você pensa muito nisso com a arte do seu álbum?

Oh, muito, sim. Está melhor agora, porque as pessoas estão tomando nota de que vale a pena perder um tempo com o vinil. Mas sempre estamos pensando nisso porque somos colecionadores de discos. Sou um escavador. Eu costumava fuçar em caixas para ver se encontrava algum disco. Então, isso sempre esteve em primeiro plano. Há alguns anos, as pessoas da gravadora diziam, “Como isso vai parecer em um quadrado de uma polegada no computador?” Eu dizia, “Não me importa, não é o único modo que as pessoas irão vê-lo. Que tal o vinil?” E eles diziam, “Ninguém compra vinil.” E aí olha o que aconteceu. Mas eles compram agora, portanto você pode me deixar em paz! Isso me fez entender o quanto isso é uma experiência importante. Não quero ir muito profundo nisto, mas há algo que amamos sobre um disco — ficar sentado e quando o lado 1 termina, você tem que levantar a bunda e andar e virá-lo. E é esse pequeno momento que você tem. Todas aquelas pequenas coisas, sutis como elas são, que realmente fazem uma enorme diferença e que fazem a música sentir-se mais poderosa. Quando você faz streaming, de alguma maneira ela se desvaloriza no meu modo de pensar, porque é muito fácil e disponível. Mas com o vinil, é mais importante — ele é uma pequena experiência que estamos tendo.

Fonte: thevinyldistrict.com

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