Serge Pizzorno: Minhas 5 dicas para guitarristas

15 de novembro de 2014 Posted in Entrevista

Enquanto se prepara para nos contar suas cinco melhores dicas para guitaristas, Serge Pizzorno, o homem ativo e simpático de muitas funções (condutor, produtor, principal compositor, a fonte de ideias e encorajador), se sente compelido a fazer a seguinte confissão: “Não há toneladas de guitarra no nosso novo álbum. Muito do que podem ser partes de guitarra são de fato tocados eletronicamente. Descobri isso para ser ainda mais criativo por esses dias.”

Pizzorno cita a música bumblebeee, o segundo single do quarto álbum da banda a alcançar número no UK consecutivamente, 48:13, como um projeto do som atual do Kasabian: “Se alguma vez tivemos alguma visão para combinar esses elementos, a guitarra e o eletrônico, aquela música é o resultado,” ele diz. “Você tem uma frase musical repetida, pesada, batidas de hip-hop bem registradas e sintetizadores frescos, caóticos no fundo. Isto é o nosso som, realmente.

Eu sempre gostei da ideia do total,” ele entra em detalhes. “Eu gosto de pensar que independentemente do que está saindo dos alto-falantes pode ser tocado por uma banda de cinco membros, não somente o que o guitarrista está fazendo. Não gosto de centenas de partes de guitarras. Uma parte simples, boa, faz o serviço.”

O espectro de Jimi Hendrix surge grande sobre Pizzorno, que idolatra a lenda das seis cordas em tal grau que isso o força, ele diz, a buscar a expressão em um instrumento além da guitarra. “Hendrix era tão bom e tão à frente do seu tempo, então onde você vai assim?” ele pergunta. “Se você comparar algo que você faz com ele, você está meio fodido. Portanto vou um pouco por outro caminho. Um sintetizador tem meio que uma mente própria, e você pode brincar com ele e ser surpreendido por ele. Você não pode dominar um sintetizador da maneira como Jimi dominou a guitarra.”

Mas logo que essas palavras saem de sua boca, Pizzorno faz a volta e se reencontra reafirmando a sua dedicação à guitarra. “Não estou nem perto de satisfeito,” ele diz. “De fato, o próximo álbum pode ser mais levado pela guitarra do que qualquer coisa que já tivermos feito antes. Eu gostaria de evoluir e redefinir a guitarra. Sei que soa convencido, mas vou tentar meu máximo para compreender o capítulo seguinte para esse instrumento. O que sobra? Com certeza tem alguma coisa a mais que esse velho pedaço de madeira pode dizer.”

1/5 Não escute Jimi Hendrix
“Isso mesmo – não escutem. Ele quebrará o seu coração e destruirá o seu espírito para todo o sempre. Ele é tão ridiculamente fantástico. É tipo, ‘Nossa… nunca será.’ Claro que eu estou brincando. Escute Jimi Hendrix. Escute muito. Ele é o maior guitarrista de todos os tempos. Mas o engraçado é que, eu acho que ele gostaria definitivamente de eletrônico se ele estivesse vivo. Escute Electric Ladyland – é tão futurista. Ele estava tão à frente do jogo. Ele teria explorado a música eletrônica como ele fez para a guitarra. Assisti inúmeros documentários sobre ele, e todo mundo que tocou com ele dizia que ele se parecia com Picasso. Ele estaria na escrivaninha, criando, ouvindo todos aqueles sons que ninguém mais fez, como se estivesse no seu próprio mundo. Ele era único.”

2/5 Pratique para caralho
“Você nunca deve deixar de praticar. Se você não estiver trabalhando na guitarra durante pelo menos cinco horas por dia, então você não está sério nisso. O negócio é que, guitarra funciona para quem é obsessivo. Se você quer só tocar e ser muito bom, ok, perfeito, então faça isso. Mas se você quer se afirmar, se o sua ambição é ser fantástico, então você tem que praticar para caralho. Não fiz isso, claro, porque sou muito preguiçoso. [Risos] sou terrível, sério. Mas encontrei o que eu fazia bem e me agarrei a isso. Portanto não pratico o que prego, o que significa que sou como todo mundo!”

3/5 Boa amplificação é vital
“Os Beatles costumavam usar amplificadores Watkins. Você ainda pode encontrá-los relativamente baratos no eBay. Eles são fantásticos! Eles distorcem uma guitarra melhor do que qualquer amplificador ou pedal que já vi. Eu compararia um Watkins com o som de um vocal Motown, onde a agulha está batendo no vermelho, mas ainda soa maravilhoso. É arenoso e ruidoso, mas é muito musical e especial. É o melhor. Quase ninguém está usando Watkins, então vá ao eBay e encontre um. Mas se você não faz isto, se você entrar em uma loja de guitarras ou algo assim, toque com quantos amplificadores você puder até que encontre ‘aquele.’ Não escute o cara da loja que está tentando vender algo. Encontre o que você gosta.”

4/5 Ache uma guitarra que ninguém mais toque
“Bem no início, notei que os meus guitarristas favoritos tinham uma guitarra principal que tocavam. Eles eram conhecidos por aquela guitarra e fotografados com ela, e era a marca deles. A aparência da guitarra era tão importante quanto seu som. Eu estava meio que buscando em lojas de segunda mão, procurando algo que eu pudesse fazer a minha marca, e por sorte encontrei – a Rickenbacker 480, uma das guitarras mais legais. Digo, é uma cadela maldita para tocar, e soa absolutamente horrenda, mas tem alguma coisa nela. Tenho muita sorte de ter encontrado.”

5/5 Não troque as cordas do seu violão
“Não sei sobre as outras pessoas, mas para mim, o som de novas cordas em um violão é horrível. Meu Deus, é terrível! [Risos] Então eu aconselharia que deixasse as suas cordas o máximo possível. Quanto mais velhas e usadas as cordas estiverem, melhor. Fiquei um ano sem trocar as cordas do meu violão Hofner. Nosso técnico é um dos meus melhores amigos. Ele tem 65 anos e tem estado com a gente por mais de 10 anos. Ele viajou com The Kinks e Zep e você os conhece – ele sabe o que faz. Eu frustro ele demais, porque ele está sempre tentando trocar as cordas daquele violão, e eu não vou deixar. Eu digo a ele, ‘Deixa aquilo em paz. Tem sujeira naquelas cordas, e isso faz o violão soar melhor.’ Sério – cordas limpinhas em um violão são extremamente horríveis. Deixe envelhecer e vá tocar.”

Fonte: musicradar.com