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Entrevista: Conversando com Sergio Pizzorno antes do show no Blended Festival, Dubai

Publicada em 28/04/15 por Rob Garratt, The National

Nunca sendo tímido para dar boas respostas, Pizzorno, 34, estava em plena forma quando falei com ele, respondendo tudo em monólogos amigáveis, liberais, terminando a maior parte das frases com “cara” ou “você entende o que eu digo”, e salpicando seu discurso com freqüentes – e impublicáveis – profanidades.

Você teve algumas semanas ocupadas.
Tem sido insano, cara, acabei com aproximadamente cinco anos da minha vida no Coachella. Nossa. Estou só me recuperando agora.

Pode ter sido melhor que o encerramento do Glastonbury no ano passado?
Não, nada pode – você vai estar sempre se perguntando isso, mas ainda precisa de muito para chegar perto.

Espero que a pequena Dubai não seja um anticlimax?
Não, não, cara – na última vez que tocamos [em 2012] realmente não sabíamos o que esperar. É um lugar louco, mas o show que fizemos foi louco, bem mais agitado do que pensei que seria. Tinha muita gente aproveitando a noite e isso é tudo que nós queremos. Foi maravilhoso.

Soube que você estará levando o quarteto de cordas que levou para o Glasto.
Sim, sim, sim – há uma enorme influência de trilhas sonoras e filmes – é de onde isso vem, eu sou obcecado com isso.

Você sabe que está dando à Billy Bragg mais munição para suas comparações com Spinal Tap?
Oh cara, pobre Billy Bragg – há uma citação que diz algo como “ordenar ataques a outro só te faz perder sua própria credibilidade”.

O título do seu último álbum – 48:13 – sugere que você esteja na fase onde você deixa a música falar por si mesma.
Sim, é tudo sobre legado, o que você deixa para trás. Experimentar, tentar de formas diferentes. A maioria das bandas agora, você pode adivinhar exatamente o que elas irão fazer, exatamente como a capa do álbum será. Isto sempre me dava um inferno de tédio. Se você gosta da nossa banda ou não, ninguém realmente sabe o que esperar – se você for artista isso é bem legal.

Claro. Mas você tinha mesmo que fazer a capa rosa?
Bem, um – é uma cor bonita, há algo realmente perigoso sobre ela, sobretudo com a gente, todo mundo presume uma coisa masculina, então para justapor isso – e também a coisa do punk, os punks fizeram o mesmo no fim dos anos 70 pelas mesmas razões.

Sim, “a coisa masculina”. Você deve estar de saco cheio da etiqueta de ladrock.
Penso que os jornalistas realmente amam as suas etiquetas, porque fazem seus empregos muitos fáceis, eles só recortam e colam o que a pessoa disse antes, se ela não puder ser [incomodada]. Somos todos culpados disto.

Houve uma onda de outras bandas que começam com “K” que apareceram na mesma época que vocês – The Killers, Kings Of Leon, The Kooks, Kaiser Chiefs, Keane – você tem um favorito?

Sim, sim – não tenho ideia por que. Eu colocaria todos eles na mesma categoria – sabe aquelas caixas no supermercado? A caixa da sorte, tudo por uma libra esterlina –  eles são todos Poundstretcher [loja de desconto no Reino Unido], esses caras.

O rock está um pouco morto agora.
Suponho que sim. Estamos querendo personagens, dissidentes, isto é o que eu desejo – ninguém está sendo negativo, ninguém está só falando [besteira] e sendo agressivo. Alguém que seja completamente excitante, que entra em cena e modifica tudo.

Quando vocês dizem coisas assim, as pessoas os chamam de arrogantes…
Sim, definitivamente, e penso que publicado é realmente terrível. Eu sempre dizia – como você pode levar isso tudo a sério? Você é pago para tocar seu violão, tudo isso é ridículo. Ler o que o dizemos e tomar como sério? Até parece. E Keith [Richards] e Pete Townshend disseram o pior sobre todo mundo, eles foram sombrios, cara – é por isso eu gosto deles. Não posso dizer isto? Posso dizer o que eu quiser, estou numa banda, até logo.

Os críticos estão ao seu lado – finalmente – mas uma coisa que todos eles criticam são suas letras.
Sim – já tem um tempo. Novamente, é tudo fora do contexto – você pode escolher três ou quatro linhas de uma canção para analisar. Mas no conjunto, há mais de 50 canções. Kurt Cobain era do mesmo jeito. Se você escutar uma canção como Fast Fuse, desafio qualquer um a encontrar buracos naquela música.

Vamos voltar pra cá. Você sabia que há um café hipster em Dubai chamado Tom & Serg?
Alguém me enviou uma foto e pensei que era brincadeira – é de verdade mesmo? É mais estranho do que eu pensava, nós temos que ir lá. Se tivermos tempo, iremos.

Eu gostaria de testar quão normal você é. Quando foi a última vez que você usou transporte público?
Todo o tempo, amo o ônibus, o metrô. Tenho filhos, cara, eles adoram. Usei há uns três dias.

Cozinhou uma refeição?
Se você conta, tipo, tirar de um pacote e colocar no microondas, há uns 20 minutos.

Vamos mudar de assunto – qual foi a atitude mais rock’n’roll que você já teve?
Acho que quase tudo que você pode imaginar, está tudo lá fora e tudo tem sido feito, muitas vezes. Estamos neste jogo há tanto tempo agora que tudo já faz parte de sair em turnê. Especificamente… Não quero colocar ninguém em problemas, mas quando estamos em turnê, vivemos a vida que vocês esperam que nós vivamos – vamos colocar dessa forma.

Mas você é um homem de família.
Sim, claro, claro, isto é um lado meu – há também um outro lado. E esse é o lado que sai em turnê e aproveita.

Algum arrependimento?
Nah, nada, estamos onde estamos por uma razão. Tudo é uma lição que o conduz ao ponto onde você está agora. Tem sido uma jornada foda, uma viagem incrível.

Você tem estado nesta banda a sua vida adulta inteira. Alguma vez teve vontade de gravar solo ou tocar com outra pessoa?
Não sei, nunca penso realmente nisso. Você nunca sabe o que tem depois da próxima esquina, cara, então eu acordo, verifico meu pulso: “Coração ainda bate? Ótimo, vamos lá, o que vamos fazer hoje?”

O segredo parece ser que vocês quatro se dão muito bem.
Sim, [quem] sabe como, cara, deve ser algo em nossas personalidades que se encaixam. Todo mundo tem seu próprio assento na mesa e ninguém tenta sentar no assento do outro.

Mas, como compositor e produtor, você está bem sentado na cabeceira dessa mesa.
Sim, o negócio é que tem sido sempre assim. Estamos juntos desde que tinhamos 16 anos e foi assim que começamos, e é assim que ainda somos. Por isso não é esquisito.

Alguma ideia de como o próximo álbum vai ser?
Tenho uma ideia, mas essas coisas, elas nunca são planejadas. Posso vê-lo soar diferente dos últimos cinco. Não sei o que vem a seguir, mas acho que será o começo de algo novo… O capítulo 1 de uma nova era.

Deste modo, vocês são a melhor banda no Reino Unido?
Se eu tivesse 23 anos e não soubesse o quanto sei, eu não hesitaria em dizer a verdade, mas agora você sabe que isso não existe – o bom da música é que ela não é uma corrida, não há vencedores ou perdedores. Acho que o que criamos como uma banda é único. Então no meio dos outros, somos definitivamente únicos. Isso é o que te digo.

Fonte: thenational.ae

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