0

Serge: “Precisamos de um Che Guevara”

Guitarrista do Kasabian Serge Pizzorno sobre músicas com mensagens, ser pai e rock stars X jogadores de sinuca.

É uma briga dura entre Kasabian e Coldplay pelo título de maior banda britânica. Coldplay talvez tenha uma maior estrada até agora, mas na escala do rock n’ roll, Kasabian sai na frente. Eles são os herdeiros do Oasis “banda popular” de multidões. Eles têm os quadris, o balanço e a atitude que vem de Mick e Keef. Eles parecem como rock stars, eles andam com rock stars. A amizade com o gênio da sinuca Ronnie O’Sullivan os transformam ainda mais rock stars. Eles são ‘oldschools’ encarnados.

Eles aceleram o ritmo para os headlines dos festivais britânicos e redondezas, o ‘guitarhero’ e chefe das cordas, Serge Pizzorno faz um intervalo para conversar com o Big Issue. Aviso: Essa entrevista contém palavrões e menções a drogas e cabelos legais. Rock, e claro, roll. Fique pronto…

Vocês são sempre mostrados como um bando de roqueiros primitivos. Vocês são realmente tão estúpidos?
SP: É engraçado o que eles pintam de nós. É incrível como eles dizem. Eu vi um documentário de Stanley Kubrick e ele sempre era referido como “o recluso Stanley Kubrick”. A sua esposa dizia que ele costumava rir, porque ele era longe daquilo, ele só não gosta de rir com ignorantes. Ele não queria ir para Hollywood, ele só queria fazer filmes. É incrível, nós vamos para outros países e eles jogam isso em pequenas partes “os caras do rock” e toda essa porcaria. Você só esfola a cabeça. A parte boa disso é que você sabe que as pessoas que ouvem sua música e ouvem o que você tem a dizer, ao contrário do que as pessoas que estão escrevendo as mesmas porcarias há anos. Você vê os idiotas bem rápido.

Nós sempre ouvimos que o Tom é um turbilhão de energia. Isso é verdade?
SP: De todas as coisas que eles dizem, essa é a única verdade sim.

Como você aguenta o confinamento e o pequeno espaço no ônibus da turnê por horas?
SP: O nível de energia em sua companhia é inacreditável. É como uma montanha russa. A razão pela qual nós nos damos bem é porque nós somos meio que um ‘santuário’ um para o outro. Eu não sou assim então eu tenho que acalmar essa parte do Tom. E ao mesmo tempo, o Tom pode ligar o motor. O que é fenomenal. Frontmans são do mesmo jeito, de alguma forma. Mas ele é uma coisa totalmente diferente. Eu sou sortudo de conhecer o melhor que há. Isso faz meu trabalho muito mais fácil. De verdade, eu sou um homem de estúdio. Eu aprendi a aproveitar o palco muito mais do que costumava fazer. Mas em meu coração, fazer música é o que eu mais amo.

Vocês têm grandes headlines no Reading e Leeds e o T In The Park – mas parece que vocês estão em um número cada vez menor de bandas que conseguem tocar esse tipo de shows…
SP: Eu concordo. Eu previ isso por causa da internete o dinheiro tirado da música. As pessoas não conseguem bancar sair em turnê mais. É uma época estranha porque não há ninguém conseguindo chegar lá. Nós conquistamos nosso espaço. Para nós é um trabalho bom e longo entrar em uma van e fazer shows.

Há muitas bandas velhas “preenchendo tabela” hoje em dia?
SP: Sim, e isso é dolorido. Elas eram “zoados”, estava mudando, quando eu era criança. Mas eu acho que é pela falta de bandas por aí. É por isso que as pessoas se empolgam tanto sobre isso – É porque não tem muita coisa acontecendo.

A música não significa tanto para as pessoas na era digital, então?
SP: Eu sinto que tem muito a se fazer agora. Eu lembro o que um álbum era, tipo, tudo. Era um trabalho de arte do mesmo jeito que uma bela pintura é arte. Eu não sou religioso e nunca fui. Pelo medo de soar um pouco sentimental, música é toda a religião que eu preciso. Eu realmente acredito nisso. Eu nunca precisei de nada a mais. Agora as pessoas ouvem música no seu laptop e talvez ouçam umas duas vezes e aí pensem “eu não gostei muito.” Você perde muito porque não dá muita atenção. Eu não quero soar como “De volta naquela época” porque isso não faz tanto tempo, mas eu tenho essa impressão porque a música se tornou livre e as pessoas passaram a olhar como se não valesse muito.

Nós ouvimos que você tem gostado de sinuca…
SP: RonnieO’Sullivan foi em um dos nossos shows. Ele era parte da era do Britpop e ele sempre pareceu legal. Eu fiquei viajado quando soube que ele foi nos ver. Ele é um cara legal, um cara bonito. Então, quando ele jogar, eu vou ver ele.

Ronnie tem sido um legendário festeiro em seu tempo, então, quem segura a bebida melhor – os rock stars ou os jogadores de sinuca?
SP: Rock stars, sem dúvidas. Obviamente. Quando Alex Higgins estava por perto seria uma competição e Ronnie em seus dias não perderia para ninguém, mas ele parou com tudo. Sem chances agora.

Esse mês você jogará no Soccer Aid em uma partida em prol da UNICEF. Como um homem que originalmente planejou uma carreira no futebol, isso deve ser um sonho que se torna realidade…
SP: Totalmente! Quando você está em uma banda você tem uma existência privilegiada então em um modo muito pequeno é bom ter a sua parte. Eu na verdade nem sei por que disse sim. Obviamente,quando descobri mais do evento ,é um sonho da infância, absolutamente. Jogar naquele lugar vai ser incrível.

Há uma parte de você que ainda está na carreira de jogador de futebol ou rock n’ roll é melhor?
SP: Se eu estivesse jogando para os grandes, seria perto. Obviamente, você ia ter que andar com os caras do futebol e isso não é legal para ninguém. Eu não poderia aguentar isso. E não ser livre de regras e regulamentos. Em uma banda de rock você pode fazer o que quiser desde que faça músicas boas e álbuns bons. Você pode viver sua vida e fazer o que quiser.

Você não gostava da politica britânica no passado – é a hora de uma revolução?
SP: Certamente é. Eu estou esperando por alguém que me inspire. Uma vez que ouvir algo que me inspire, eu estarei lá. Eu posso trazer apenas minha guitarra, não sou bom com a fala, mas eu trarei minha guitarra e marcharei.

As bandas deviam fazer música envolvidas com políticas, então – Plan B começou dando o primeiro chute?
SP: Isso depende. Eu quero ouvir uma mensagem. Estar nervoso é legal, mas o que você vai fazer com isso? Isso não pode ser apenas “fodam-se os ricos” eu acho que nós estamos reclamando para alguém seguir. Nós precisamos de um Che Guevara. Se isso for para acontecer eu acho que teriam muitas pessoas que estariam lá.

Mudando de assunto, Tom Chaplin, do Keane, já te perdoou por dizer que ele havia ido para a reabilitação porque era viciado em vinho do Porto?
SP: Hahaha! Isso ainda me mata. Ele provavelmente me odeia, mas ele tem que admitir que, lá no fundo, tem uma parte dentro dele que sabe que isso é muito engraçado.

Você tornou-se pai recentemente – isso te mudou muito? Nós lemos que você parou com as drogas…
SP: Eu gravo em casa, então eu decidi não usar drogas perto do bebê. E era isso. Eu acho que é uma atitude bem responsável para se ter. Eu não estou fazendo linhas (referencia a cocaína) em sua frente, mas foi dito que eu tinha parado tudo junto. Não era isso realmente.

Você é um pai “mão na massa”. Você ajuda na hora de dormir e as tarefas no meio da noite?
SP: Absolutamente sim. É uma coisa incrível. Por que você não faria algo do tipo? Eu estou ficando muito bom em ler histórias também. Todos os pequenos personagens tem um sotaque diferente. Meu sotaque do leste é melhor que qualquer um, mas eu também tenho um bom do nordeste também.

O seu colega Noel Gallagher te deu algum conselho a respeito de ser pai?
SP: Sim, fique em turnê por muito tempo, basicamente. Quando estamos juntos é basicamente risadas. Música trás realmente boas amizades. É aquela coisa britânica quando você fica junto e logo em seguida já está rindo com dois minutos já está rindo muito ou algo parecido. É assim que funciona. Ele é incrível com argumentos. Ele ama uma grande homologação.

Ser amigos dos dois irmãos, você já se achou entre os dois, Noel e Liam?
SP: Não, a vida é muito curta para fazer esse tipo de besteira. Ambos têm sido grandes apoiadores da banda. Eu nunca vou esquecer disso. Eles são fantásticos, é isso.

Vocês vão celebrar o Jubileu?
SP: Um feriado de quatro dias é bom para as pessoas, mas eu não quero nada com essa porcaria. Eu não suporto ninguém da Família Real.

Fora as coisas do Kasabian, você gravou um álbum com seu “doppelganger”, Noel Fielding. Vocês dois tem o mesmo cabeleireiro?
SP: Hahaha… Não. Eu corto o meu cabelo sozinho. Eu não corto o do Noel. Nós dois amamos Rolling Stones, é tudo o que eu posso dizer.

Vocês dois também são bem interessados a respeito de vestimentas…
SP: Sim. Todos os meus heróis se vestiam de uma forma legal. Dali ou Bowie ou Stones. Essas pessoas eu realmente gosto e eles são assim. Parece natural fazer o mesmo. É importante para manter a ponte da infância em você. O momento que você começa a levar a vida tão seriamente, você fica tedioso. Estar em uma banda é a sua missão de fazer as pessoas se desligarem.

Fonte: bigissue

Leave a reply

You may use these HTML tags and attributes: <a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <s> <strike> <strong>

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.